
Na quarta-feira, 8 de novembro, estivamos novamente com o ministro dos Transportes, Renan Filho, em audiência em Brasília. Esse foi o terceiro encontro com o ministro, um homem extremamente experiente, jovem, já exerceu vários cargos eletivos, deputado federal, governador do seu estado, Alagoas, e atualmente é senador licenciado e Ministro dos Transportes.
Essa foi a reunião mais importante que teve conosco, pois reuniu todo o primeiro time do ministério para um debate, visando uma tomada definitiva de posição do governo sobre o projeto e por nosso lado estava o
governo do estado, por mim representado, e todos os sócios do projeto, esse que é um projeto binacional, privado, que além de tudo traz para o Brasil a tecnologia de ponta mais avançada em todo o mundo, que até
esse momento era desconhecida no Brasil, tanto no transporte de cargas quanto de passageiros, pois trens de passageiros são de fundamental importância tanto na Europa quanto nos EUA. Um país continental como o nosso não pode prescindir do transporte ferroviário tanto de trens de carga quanto de passageiros. Um exemplo dessa tecnologia é que umaferrovia, bem planejada, consegue transportar muito mais carga do que normalmente se poderia esperar dela. E estações de passageiros bem geridas podem agregar ao faturamento com a ferrovia quase 40% a mais.
Com isso o negócio passa a ser gigantesco envolvendo grandes faturamentos e lucros. Isso tudo sem falar em grandes negócios que podem ser feitos em todo o percurso da ferrovia. Tudo isso foi oferecido ao ministro. Tecnologia que pode tornar viável ferrovias, tanto para o transportes de cargas quanto de passageiros, como
é comum na Europa e nos EUA, em que a mesma empresa explora as duas vertentes. É como, figurativamente, na aviação passar do avião a hélice para os modernos jatos de última geração. E tudo isso se dará em um projeto da Grã Pará Maranhão, uma empresa multimodal, dos luso- brasileiros Paulo Salvador, Nuno Martins e João Prego, apoiados pelo governo do estado, que viu no projeto o mesmo que viu o Banco Mundial, ao considerar o Terminal Portuário de Alcântara como o melhor porto para o maior sistema de transportes ferroviário do país formado pela Ferrovia Norte Sul, e as ferrovias alimentadoras FICO, FIOL, Ferrovia do Maranhão (EF-317) e a ferrovia EF-232, que liga Balsas a FNS em Estreito.
Esse sistema beneficiará todo o Brasil, principalmente o Brasil Central e todo o Arco Norte, com uma logística de transportes tão eficiente quanto as melhores do mundo.
Beneficiará todo o Brasil, principalmente o Maranhão, pois juntará as vantagens da ferrovia de ponta, a um porto raro no mundo, capaz de receber os maiores navios já construídos, os mais eficientes e lucrativos, com mais vantagens e fretes mais baixos do que qualquer outro porto brasileiro e que tem a menor pegada de carbono entre todos os outros meios de transporte.
Hoje esse projeto tem total apoio do ministro Renan Filho e do governador Carlos Brandão. O projeto brevemente vai ser mostrado ao presidente Lula, já que é um projeto nacional, com base no Maranhão. O
nosso estado deverá ter receber com esse projeto um impacto econômico sem precedentes, pois gera 100 mil empregos diretos e indiretos, e exigirá mão de obra qualificada além de empreendimentos que surgem ao redor
de grandes portos como acontece em todo o mundo normalmente. Faz parte do projeto um grande investimento na produção de hidrogênio verde e amônia verde. Um dos empreendimentos que se casam bem com um empreendimento gigante como esse é a vinda de grandes indústrias pesadas, como a siderurgia, para produzir aço verde e outros produtos verdes, e a indústria de fertilizantes, utilizando hidrogênio verde em
fornos elétricos, e amônia verde como fertilizante nitrogenado.
Enfim, as possibilidades são imensas. Depende de nós, apenas de nós, apostarmos tudo na realização desse projeto fundamental para o nosso futuro como estado desenvolvido.
Outro dia em uma conversa com esse grande maranhense e Secretário de Estado, Luís Fernando, ouvi dele uma frase basilar: “Determinação, foco e gestão eficiente vão contribuir para que isso se torne realidade. O mais importante já temos: o próprio Maranhão”. Perfeito, não?
Mas, é forçoso recordar que tudo isso só se tornou possível por causa da Ferrovia Norte Sul, um projeto fundamental ao país, que um dia no meu primeiro despacho como Ministro dos Transportes com o presidente José Sarney, ele me deu um desenho com um traçado de uma ferrovia ligando o país de Norte a Sul, com a missão de estudar profundamente o assunto. Logo depois com o impacto que um projeto dessa envergadura provoca, passei a enfrentar a fúria de uma elite cevada em regalias que fez de tudo para matar a ideia no nascedouro, apoiados fortemente pela indústria automobilística, principalmente a indústria de caminhões. No afã de defender seus privilégios, não conseguiam ver que no mundo, altamente servido por ferrovias, a indústria automobilística e a de caminhões pesados é vigorosa e se alimenta do transporte ferroviário. Estavam cegos
pela ganancia e pelos privilégios. Se eu tivesse fraquejado, um momento sequer, talvez não tivéssemos a FNS e nem as enormes perspectivas de desenvolvimento que temos hoje. Mais do que isso, o presidente Sarney
não cedeu às imensas pressões que recebeu o que permitiu que o projeto continuasse.
O projeto da GPM hoje é uma realidade de conhecimento no mundo do empreendedorismo global. A GPM recebe todos os dias grupos interessados em participar, financiar ou mesmo comprar. O mundo anda
atrás de bons projetos e esse como nos falou o ministro Renan é o melhor de todos, ele que é um conhecedor profundo do que acontece no mundo na área de atuação do ministério.
E projetos bons são raros. Quando tem um como esse é muito disputado.
Os alemães da DB, que viram cedo o potencial do projeto, são os principais parceiros e certamente os maiores detentores de tecnologia, assim com a Sysfer. E isso me lembrou que no meio da guerra da FNS um grande banco alemão, com presença importante no Brasil, me fez uma carta em que propunha financiar toda a FNS desde que pudesse explorar as margens da ferrovia e a própria ferrovia. Quando divulguei a proposta o mundo da “elite” brasileira veio abaixo. Mas, como? Que traição era essa? E foram em cima do banco e conseguiram demitir o diretor do Brasil. Alegaram que a carta veio em alemão e nós nos embaralhamos na tradução, que certamente estava errada e nós entendemos mal. Eu então convoquei a imprensa e mostrei a carta em português escrita em papel timbrado do banco. Isso causou uma intensa troca de notas entre os dois governos e quase cria um grande problema diplomático entre os países.
Hoje, felizmente os alemães voltaram ao projeto e estão nos ajudando como era de seu desejo no passado.
Vale a pena acreditar, lutar sempre, pois o Maranhão para estar entre os grandes, vai ter que se impor e incomodar muita gente. Mas, vale a pena lutar, o Maranhão será grande.