
O ministro Haddad está fazendo uma administração excelente, olhando com atenção, não só para o presente problemático que herdou, mas para o futuro do país e para as mazelas que impedem o seu desenvolvimento – tanto na área climática quanto no combate à pobreza. Um exemplo marcante é o Arcabouço Brasileiro para Títulos Soberanos Sustentáveis, um programa concebido para, por meio da emissão de títulos
soberanos, captar recursos no exterior para o combate à pobreza, à desigualdade social, alimentação e nutrição, inclusão social, igualdade de gêneros, formação de capital humano em áreas pobres, amparo aos deficientes, aos idosos, às crianças e aos negros em situação de vulnerabilidades social.
Poucos políticos fazem isso. E quando fazem, preferem o caminho mais fácil de simplesmente distribuir um certo valor, geralmente sem nenhuma contrapartida. Nunca vão ao cerne do problema, nunca vão às causas formadoras das dificuldades que vêm com a pobreza ou da extrema pobreza.
Eu sempre lutei contra isso. Fiz um governo muito prejudicado por brigas políticas. Mas, mesmo assim, com apoio de grandes profissionais das finanças, aumentamos a arrecadação, controlamos o dinheiro e pudemos fazer coisas muito importantes que ajudaram termos no período um grande aumento do PIB, que dobrou, além de uma queda vertiginosa nos índices gerais de pobreza que desabaram. Estávamos no caminho certo, porém, mesmo com esses êxitos, governos que sucederam ao meu, acabaram paulatinamente com todos os programas e ações.
Ciclos interrompidos – Programas como o Fundo do Banco Mundial para Combate à Pobreza Rural, que tanto bem fizeram na área rural, foram extintos ainda com bastante dinheiro em caixa. No Programa Saúde na Escola, alunos que não conseguiam acompanhar as aulas eram considerados desinteressados, mas que a saúde dentro
das escolas permitia identificar deficientes auditivos, deficiências visuais, infecções dentárias, cáries e muito mais, pois oferecíamos, além do diagnóstico, o tratamento completo e a entrega de aparelhos auditivos, óculos de grau, tratamento dentários. E, com isso, houve como resultado a melhora imediata de nossos indicadores de
aprendizado. Mas, mesmo com 110 instituições de ensino dotadas de todos os equipamentos necessários para fazer o programa funcionar e com apoio de médicos voluntários, enfermeiros, dentistas, esse programa foi interrompido, os equipamentos perdidos e as crianças abandonadas como antes. 46% dos municípios maranhenses estavam com a cobertura do Saúde na Escola, mas ele não foi continuando pelos governos.
E os Mutirões da Cidadania? Milhares de pessoas faziam exames de vista e saíam com os óculos de grau na armação escolhidas por elas, algumas, que mesmo com idade mais avançada, nunca tinham ido a um oculista. E as milhões de cirurgias de catarata, que salvaram da cegueira tantas pessoas? De tanta gente que fez seu primeiro registro civil, aproveitando as facilidades do Mutirão? Dos exames ginecológicos, das mamografias, do corte de cabelo feito por profissionais famosos? Tudo isso acabou.
E as casas, de graça, que tantos trabalhadores pobres receberam? Criamos também os programas Água em minha casa e Minha Unidade Sanitária, em 100 municípios com menor IDH, onde não existia nem sistema de abastecimento água e nem banheiro. Por mutirão, fornecíamos os canos e equipamentos e a assistência técnica e os próprios moradores executavam todo o trabalho. Tudo isso era custeado pelo fundo de combate à pobreza, rigorosamente só aplicado nessa destinação.
E as Casas da Agricultura Familiar, que ensinavam e forneciam os equipamentos para o agricultor familiar trabalhar, usando os mesmos conceitos e equipamentos usados no agronegócio? A assistência técnica especializada conseguiu fazer com que os agricultores usassem, pela primeira vez, o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), crédito rural do Governo Federal, que levava o dinheiro direto do banco para
os agricultores. Quando assumi o governo, o Pronaf no Maranhão era o menor do Nordeste, pois só chegava aos agricultores 20 milhões de reais. Quando saí, já éramos o segundo maior do Nordeste, atrás apenas da Bahia, e o Pronaf cresceu para 380
milhões de reais.
E, assim como os outros grandes programas do meu governo, as Casas da Agricultura foram prontamente extintas quando terminei o mandato. Os técnicos foram dispensados e a prestação de contas dos recursos do Pronaf não foi feita, por parte dos agricultores que precisavam de orientação técnica para ajudá-los a fazer. Muitos não tiveram como fazer e ficaram inadimplentes junto aos bancos.
E o Programa Vestibular da Cidadania? Acabou também, prejudicando alunos pobres
em vestibulares ou no Enem.
Isso não pode continuar assim. O Ceará é um exemplo de estado em que a continuidade, mantém, de governo a governo, os programas testados como excelentes.E isso funciona mesmo.
Brigas políticas predatórias já prejudicaram muito o Maranhão e seu povo.