
A repentina mudança de postura política do senador Weverton Rocha (PDT), também conhecido nos bastidores como “Maragato”, tem causado estranheza e revolta entre eleitores e lideranças políticas no Maranhão. Até pouco tempo, ele era o principal opositor do governador Carlos Brandão (PSB). Agora, aparece como seu novo aliado, pregando “união” e “estabilidade”. Para muitos, essa guinada não tem nada de espontânea: é fruto de conveniência, medo de exposição e acordos nos bastidores que colocam em xeque sua coerência e até sua integridade política.
Weverton carrega um histórico nebuloso. Quando esteve à frente da Secretaria de Esporte do Maranhão, se viu no centro do escândalo da reforma do Ginásio Costa Rodrigues, uma obra que consumiu milhões de recursos públicos, ficou paralisada por anos e até hoje é lembrada como símbolo de desperdício e suspeitas de corrupção. O Ministério Público chegou a apontar irregularidades, e o episódio manchou o início de sua trajetória pública.
Mais recentemente, o nome de Weverton voltou a circular em investigações relacionadas ao maior esquema de fraudes do INSS já descoberto, que envolvia descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas. Embora ele negue qualquer relação, documentos e trocas de mensagens o citam em contextos preocupantes, ampliando ainda mais as sombras sobre sua atuação.
O que está em curso agora pode ser ainda mais grave. De acordo com fontes, o senador teria relações comerciais mal explicadas com o agiota Josival Cavalcanti da Silva, o “Pacovan” morto a tiros em um posto de gasolina em Zé Doca, no Maranhão, em junho de 2024. A partir da análise de um celular apreendido pela polícia, surgiram indícios de negócios ocultos, compra de postos de combustíveis e pagamentos pendentes ligados diretamente a Weverton. O conteúdo seria tão comprometedor que teria levado o senador a uma “convocação” por figuras poderosas de um determinado grupo político, que, segundo fontes, o obrigaram a mudar repentinamente seus posicionamentos em troca de proteção e silêncio.
A atuação por conveniência do senador, que também é presidente estadual do PDT, pode ser observada a olho nu em outro episódio gravíssimo que ele ignorou: o assassinato do policial militar Geidson Thiago da Silva, morto a sangue frio na última semana pelo prefeito de Igarapé Grande, Igor Xavier (PDT), correligionário e aliado político de Weverton. O crime chocou o estado e ganhou repercussão nacional. Ainda assim, o senador se manteve em absoluto silêncio, sem emitir nota, prestar solidariedade à família da vítima ou defender a punição do assassino. Sua omissão revela muito mais do que neutralidade: evidencia que ele não está ao lado do que é certo, mas do que lhe convém.
Como se não bastasse, Weverton tenta reescrever sua imagem em rede estadual de televisão, onde apareceu recentemente exaltando a “unidade” do mesmo grupo que atacava até meses atrás com discursos inflamados. Para o eleitor que acreditava em sua bandeira de independência, o gesto é uma traição aberta.
O senador Weverton Rocha age como um camaleão. Mas, ao contrário do animal que muda de cor por um instinto natural, ele muda de posição política por puro interesse pessoal, sem qualquer compromisso com a ética ou com os maranhenses que o elegeram. Seus posicionamentos não são frutos de reflexão ou princípios, mas sim da necessidade de se manter à tona em meio a denúncias que ameaçam encerrar sua carreira.
Enquanto isso, o Maranhão assiste mais um político se perder entre as conveniências do poder e os acertos de bastidor e o povo, como sempre, fica em segundo plano.