
Maranhão e Bahia são dois estados que possuem grande parte de sua população quilombola e indígena. Foram dois estados com um passado escravagista e que depois da libertação dos escravos os abandonou a própria sorte. O resultado disso foi a pobreza que sempre envolveu essas comunidades, como via de regra.
Temos cerca de 1.500 comunidades quilombolas no Maranhão e o Censo em andamento promete mapear a localização de todas elas.
Eu como governador ajudei muitas delas, com títulos de propriedade e recursos principalmente depois que tivemos acesso a um empréstimo de 40 milhões de dólares do Banco Mundial. Fiz as primeiras escolas quilombolas nos municípios de Santa Rita e em Itapecuru e como também mais de 50 escolas indígenas e formamos muitos professores indígenas. Visitei muitas delas levando recursos do empréstimo do Banco Mundial
para combate a pobreza. Não escolhíamos o que fazer com os recursos, ou como aplica-los. Essa escolha teria que ser feitas por eles, em assembleias gerais das comunidades que ao final elegiam três projetos, por maioria, em votação, e aí sim mandávamos os recursos e assistência técnica. Foi um tempo em que todos os dias eu voava de helicóptero até essas comunidades, eu e o professor Lemos, meu secretário da agricultura na época. Tivemos um acidente, o helicóptero caiu conosco, mas no dia seguinte, em outro helicóptero prosseguíamos com o trabalho. Mas como sempre acontece no Maranhão, depois que saímos do governo o programa foi descontinuado, e o Banco rompeu o contrato de empréstimo com o estado, que por falta de prestação de contas ficou inadimplente e teve que devolver recursos muito importantes para combate a pobreza.
Uma das comunidades contempladas naquela ocasião foi a de Piquí da Rampa, em Vargem Grande, onde até hoje tenho grandes amigos que conseguiram se organizar de forma eficiente e exemplar, transformaram a comunidade em produtora de produtos primários, dando muita atenção a educação, como
base de tudo.
Hoje, com a evolução tecnológica temos pronto um projeto muito vigoroso e viável de combate à pobreza dessas comunidades, tanto quilombolas quanto indígenas. É um projeto muito ambicioso, forte direto, capaz de mudar tudo. Creio até que o nosso governador Carlos Brandão poderia sugeri-lo ao Presidente Lula, que pretende ajudar muito essas populações.
Bem, e da onde virão os recursos tão necessários para o desenvolvimento econômico dessas comunidades?
Os recursos virão da energia verde, de projetos de energia solar, que com rapidez podem ser construídos. Eles serão custeados pelo estado, pelo BID, por empresas privadas, por emendas parlamentares e a venda dessa energia irá para um fundo financeiro especifico destinado a levar o desenvolvimento econômico a essas comunidades.
Nós temos no governo uma empresa que trabalha com energia, no caso o gás, a Gasmar. A ideia debatida com a diretoria da empresa foi muito bem recebida e as providencias para isso são rápidas de preparar. A Gasmar teria que acrescentar no acordo de acionistas, a autorização para construir projetos de energia renovável, sem fins lucrativos, destinadas a atender as obrigações sociais da empresa que também criaria o fundo. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos, a SEDEPE, através de convênios aplicaria o dinheiro
com as finalidades já explicitadas. As comunidades que já conhecem o projeto o aprovam fervorosamente, e pedem pressa. A única preocupação deles é o receio de não fazermos o projeto.
Esse projeto pode ser replicado em muitos iguais, em todo o território maranhense e a aplicação desses recursos será de acordo com eles, nada imposto, e poderá ser profissionalizado através de cooperativas de produção, projetos de crédito de carbono, fábricas portáteis de chocolate, babaçu, cupuaçu e muito mais.
Essas comunidades poderiam gerar créditos de carbono, e vender muitos produtos, atingindo um status econômico que nunca tiveram. As fabricas de chocolate portáteis, são chamadas de biofábricas moveis e desmontáveis de chocolate. É necessário a assistência técnica, mas os lucros são enormes: R$ 10 só pela matéria prima do cacau, R$ 30 o cacau já fermentado, e R$ 200 o chocolate fino no mercado. Podem ser centenas delas
e a ideia partiu de um pequeno grupo de cientistas. O BID Lab, está investindo para comprovar que o projeto é viável e investir nele para preservar as florestas e ajudar as comunidades da Amazônia.
Esse projeto é urgente. Precisamos ajudar essas comunidades e combater a pobreza.