
O cerco está se fechando contra o candidato ao governo do Maranhão, Lahésio Bonfim (PSC), que está sendo acusado de liderar um esquema criminoso e milionário por meio de fraude no fornecimento de combustíveis na prefeitura de São Pedro dos Crentes que movimentou aproximadamente R$ 44 milhões.
O jornalista Glaucio Ericeira trouxe documentos de parte do inquérito da Polícia Civil do Maranhão que aponta o ex-gestor como destinatário de alguns montantes que chegaram a mais de meio milhão de reais.
Em março deste ano, o Ministério Público do Maranhão chegou a pedir o afastamento de Lahesio da prefeitura, porém ele se descompatibilizou do cargo para sair candidato ao governo.
Na peça de investigação do Departamento de Combate à Corrupção (Deccor), detalha como funcionava o esquema de fraude na licitação e as operações financeiras que comprovam a ligação com o Lahésio Bonfim. A Deccor conseguiu ter acesso a essas informações após quebra de sigilo do ex-prefeito e de outras pessoas suspeitas de envolvimento na falcatrua.

Em uma das movimentações, no Banco do Bradesco foram transferidos do AUTO POSTO BF Ltda o montante de R$ 545.299,00 (Quinhentos e quarenta e cinco mil, duzentos e vinte e nove reais), oriundos do esquema de fornecimento de combustíveis.

Para tentar despistar a fiscalização houve uma triangulação na movimentação do dinheiro para tentar esconder o esquema. Um dos remetentes da transferência ‘não é identificado’ pelo Banco Central, mesmo com a quebra do sigilo.
Veja como funcionava o esquema da organização criminosa:
A fraude e o posterior desvio de verbas públicas foram iniciados desde o processo licitatório, realizado através de pregão eletrônico. De acordo com o Deccor, o prefeito Lahesio Bonfim “associou-se criminosamente a outros denunciados e promoveu o Pregão Presencial 26/2018, maculado desde seu nascimento, formalizado apenas para beneficiar as empresas Auto Posto Fortaleza e Andrade e Coutinho, com as quais mantém relação próxima, conforme demonstrado pela quebra de sigilo bancário e fiscal e pela influência que o denunciado possui na empresa Auto Posto Fortaleza, anteriormente de sua propriedade” (veja o documento).
As investigações mostram que o Autoposto Fortaleza, que estava fechado até 2018, depois de vencer a licitação passou a ser conduzido por Rômulo Costa Arruda, amigo e companheiro de chapa de Lahesio como vice-prefeito em 2020, e Rodrigo Cruz Lima de Oliveira, que além de amigo foi gerente do Autoposto BF, de propriedade de Lahesio. Rômulo é o atual prefeito de São Pedro dos Crentes, após a renúncia de Lahesio.
Diz o inquérito que a análise dos dados bancários dos investigados, entre eles o prefeito, “indica que Lahesio tenha se beneficiado financeiramente do Auto Posto Fortaleza, através de Rômulo, Rodrigo e Elizany, reforçando de forma robusta a compreensão sobre a ocorrência de desvio de verba pública e do recebimento de propina para retribuir a fraude licitatória operada” (documento abaixo).
O esquema se completava com o pagamento pelo fornecimento de combustível que não tem comprovação. O posto de combustíveis, que estava fechado antes da licitação, informava o fornecimento de combustíveis em galões, que seriam armazenados no terreno da prefeitura. Ocorre que isso nunca aconteceu. Para se ter ideia, era impossível haver esse tipo de armazenamento sem autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP), assim como não havia espaço no local para armazenar a quantia declarada.
O inquérito já foi encaminhado ao Ministério Público do Maranhão e a denúncia foi oferecida à Justiça (conforme documento abaixo).
Com informações do Jornalista Glaucio Ericeira