Artista que acusa Adele de plágio diz que só quer ser reconhecido
Compositor Toninho está reunindo provas para levar à Justiça

Filho de Rildo Hora, arranjador musical de Mulheres, Misael ouviu a música de Adele durante uma festa e acreditou que se tratava de uma versão em inglês da canção brasileira. Ao constatar que o nome de Toninho não estava nos créditos, ele decidiu avisar o compositor.
– Assim, foi imediato. Pá. Confesso que me pegou de surpresa. Eu não achei nem que se tratasse de um plágio. Por Deus. Achei que era a mesma música com uma versão em inglês. Quando eu descobri que não tinha o nome do Toninho, eu fiquei estupefato – disse Misael ao Fantástico.
As canções possuem um espaço de 20 anos entre seus lançamentos. Enquanto Mulheres foi lançada em 1995, Million Years Ago veio a público em 2015.
A fim de provar a semelhança entre as obras, a defesa de Toninho contratou dois especialistas. Em entrevista ao portal Uol, o advogado Fredímio Trotta explicou que decidiu fazer uma sobreposição das músicas para evidenciar o suposto plágio. A defesa também coletou o depoimento de mais de 40 pessoas leigas em relação à técnica, para identificar se mesmo ouvintes sem conhecimento musical conseguem perceber as semelhanças.
Os advogados apuraram ainda que o produtor Greg Kurtin, que compôs a canção junto de Adele, seria entusiasta da música brasileira.
Notificações extrajudiciais foram enviadas à equipe de Adele, ao produtor Greg Kurtin, além de à gravadora Sony do Brasil, que foi a única a se manifestar sobre o caso até o momento. A Sony é a gravadora tanto de Martinho da Vila quanto de Adele.
– Esse assunto está atualmente nas mãos da XL Recordings e da própria Adele, já que a Sony Music era apenas distribuidora desse fonograma no Brasil, cujo contrato, inclusive, já está expirado – disse a gravadora por meio de nota.
ACORDO
Toninho destaca que não tem a intenção de brigar e que está disposto a fazer um acordo, caso a equipe de Adele assim deseje.
– Eu não quero brigar. Só quero que reconheçam que a minha música está dentro da obra dela – declarou.
Se vencer a disputa judicial e não houver um acordo, o compositor pode embolsar um valor de indenização de centenas de milhares ou até milhões de dólares.
– Se apura em juízo quanto vendeu o álbum, se divide pelo número de faixas, a monetização que essa canção acumulou no YouTube, streamings, eventuais comerciais, tudo o que a música gerou de lucro. Tudo isso é contabilizado. A partir daí, é calculado os danos materiais, o que os terceiros, como o produtor e a gravadora, lucraram, e também uma indenização por danos morais, que nas cortes estrangeiras chega a ser equivalente ou próximo da indenização por danos materiais – explicou o advogado Fredímio Trotta.