
Em nome do governador Carlos Brandão, enderecei ao Ministério de Relações Exteriores convite para o vice-presidente do Banco Europeu de Investimentos, Ricardo Mourinho, visitar o Maranhão. O Ministério já encaminhou à embaixada brasileira, em Lisboa, que já a dirigiu ao Escritório de Lisboa do Banco Europeu de Investimentos. Ricardo Mourinho deverá vir a São Luís, nos próximos meses, em visita com data a ser fixada nos próximos dias.
Esperamos muito dessa visita. Temos projetos importantes a discutir como energia renovável, hidrogênio verde, fertilizantes nitrogenados verdes, crédito de carbono, infraestrutura, entre outros.
Mas nos interessa muito discutir projetos importantíssimos, tanto na área econômica como na área social e ambiental, como o que vou citar. Trata-se de um projeto que, segundo seu formulador, é o investimento de maior retorno que um governo pode fazer. Quem apresentou o projeto e vem trabalhando com ele, inclusive comprovando resultados esperados, é o professor James Heckman, que recebeu o prêmio Nobel de Economia, no ano 2000, e é chefe do Departamento de Economia da Universidade de Chicago, uma das mais importantes do mundo. Portanto, não há impedimento para discutir tal assunto com o Banco Europeu de Investimento, já que afinal é um investimento.
E como um projeto como esse pode diminuir a desigualdade social? Na palestra que fez no Brasil, com o título “Porque investir em crianças de zero a seis anos vai mudar o Brasil”, ele afirma que essa é uma fase em que o cérebro da criança se desenvolve em velocidade frenética e tem um enorme poder de absorção. As primeiras impressões e experiências da vida preparam o terreno sobre o qual o conhecimento e as emoções vão se desenvolver mais tarde. Se essa base for frágil, as chances de sucesso cairão, e se ela for sólida vão disparar na mesma proporção. E deve começar com o bebê ainda na barriga da mãe. Infelizmente, famílias pobres não recebem orientação básica sobre como enfrentar o desafio de criar o bebê e, certamente, não têm recursos e nem auxílio para fazer isso. Já as crianças pobres, se não conseguem esse apoio vão certamente ficar para trás.
Melhor investimento – O preço dessa negligencia é altíssimo. Países que não investem na primeira infância apresentam índices de criminalidade mais elevados, maiores taxas de gravidez na adolescência e de evasão no Ensino Médio e níveis menores de produtividade no mercado de trabalho, o que é fatal. “Como economista, faço contas o tempo inteiro”, diz Heckman, “e uma delas é especialmente impressionante: cada dólar gasto com uma criança pequena trará retorno anual de mais de 14 centavos durante toda a vida. É um dos melhores investimentos que se podem fazer – melhor, mais eficiente e seguro do que apostar no mercado de ações americano”.
O grande impacto positivo, diz Heckman, vem de programas que conseguem envolver famílias pobres, creches, pré-escolas, centros de saúde e de outros órgãos que, integrados, canalizam incentivos à criança – não só materiais. Assim, esse programa envolve ativamente os alunos em projetos de sala de aula, lapidando habilidades sociais e cognitivas, sob a liderança de professores altamente qualificados. A família mantém um estreito elo com a escola. Temos que ter sempre certeza de que a família está a bordo, qualquer que seja a iniciativa. Pois um bom programa de primeira infância consegue ajudar a família inteira, fazendo chegar até ela informações, boas práticas e valores essenciais, como a importância do estudo para superação da pobreza.
Esse é um dos projetos que vamos apresentar ao Banco Europeu de Investimentos, mas temos outros que envolvem as pessoas de comunidades pobres. Em outra oportunidade eu explicarei os outros. Mas, são tão bons quanto esse.