
A cada culto evangélico que frequento, saio do ambiente cada vez mais convencido de que a igreja física casou-se com a religião intimista e virou as costas para Jesus. O cristianismo, então, é uma religião como qualquer outra. Hoje, o que vivemos é meramente uma confusão de pontos de vista contraditórios e mesclados de misticismo religioso que, na arena das denominações, confundem a sociedade e desviam pessoas do reino de Deus e de sua justiça. São poucas as pessoas crentes que, de fato, descobriram o reino de Deus.
A igreja, na verdade, está cheia de crentes escravos da religião que pensam que estão servindo a Deus, inclusive pastores e líderes. Só que estão longe do propósito do reino de Deus. O reino de Deus não é isso que estamos vivendo como igreja religião. A fé da igreja religião é uma fé pesada, cheia de regras e obrigações doutrinárias sufocantes. Para receber uma bênção, a pessoa tem que fazer um esforço fora do normal. Tem momento em que o fiel parece precisar exercer uma força maior do que o poder de Deus.
Por que, no Antigo Testamento, o Senhor castigava Israel e demonstrava evidente insatisfação com o seu povo? Porque Israel praticava os mesmos pecados da Igreja de hoje em dia: insistia em ser religioso e, com isso, feria o coração do Senhor, quebrando relacionamento com Ele. Em resumo, toda vez que buscamos ser religiosos ferimos o coração de Deus. Temos de entender que toda atitude religiosa induz ao caminho da idolatria, e isso fere a Deus.
A espiritualidade da igreja cristã atual, portanto, é uma espiritualidade idólatra que não está de acordo com os padrões do evangelho que o Senhor Jesus ensinou nos quatro Evangelhos. Pelo espelho do texto sagrado, Deus não está satisfeito com a espiritualidade da igreja cristã dos dias atuais porque, em primeiro lugar, ela, enquanto corpo de Cristo, se dividiu aos pedaços, quebrando, assim, o princípio de unidade e comunhão. Logo, a espiritualidade da igreja visível do século XXI cheira mal nas narinas do Criador de todas as coisas. É uma igreja sem relacionamento. É uma igreja praticante de religiosidade intimista, e que não tem “pé” nem “cabeça”.
Jesus, no entanto, busca relacionamento com o seu povo, mas o seu povo está tão casado com a religião intimista que não consegue perceber o Cristo que é o projeto de vida abundante que só pode se manifestar no homem a partir do novo nascimento. Sem isso, a espiritualidade da igreja atual, dividida e pecaminosa, repugna no estômago do Senhor. E a coisa piora ainda mais quando as ações estonteantes da fé religiosa-intimista é praticada em nome de Deus. Usar o nome de Deus em vão é crime espiritual.
Mas Deus sabe que basicamente tudo o que fazemos na vida baseia-se simplesmente na fé. Só que essa fé precisa não estar atolada nos pensamentos sem nexo da religião. Neste sentido, é importante considerar que a maior parte das nossas decisões é tomada inicialmente em razão do que sentimos ou acreditamos. Por isso, a fé cristã precisa estar fundamentada no Cristo que nos liberta do pecado e da religião.
Religião que nos sufocou e nos matou, gerando em nós todo tipo de cegueira espiritual. Agora, dependemos da capacidade de tirocínio espiritial para tomar decisões acertadas que podem nos levar à reencontrar o caminho. Caminho este que é o fundamento de nossas escolhas.
Por Battista Soarez
(Escritor e jornalista)