
Grande parte das desaparecidas participava de um acampamento cristão de verão, o Camp Mystic, localizado às margens do Rio Guadalupe, na cidade de Kerrville. No momento da tragédia, cerca de 750 meninas e adolescentes estavam no local.
Segundo as autoridades, o nível do rio subiu oito metros em apenas 45 minutos, após o registro de 300 milímetros de chuva em uma hora, o equivalente a quase um terço da média anual da região. Especialistas classificaram o evento como uma “enchente centenária”, superando padrões históricos e previsões meteorológicas.
As buscas envolvem mais de 500 socorristas, 14 helicópteros, além de equipes da Guarda Nacional do Texas e da Guarda Costeira dos EUA. No acampamento, a cena é de destruição: chalés foram arrastados, veículos ficaram presos em copas de árvores, e a área está completamente tomada pela lama. Até o momento, quatro corpos de meninas foram localizados. O proprietário do acampamento também está entre os mortos.
Michael, pai de uma das crianças desaparecidas, esteve no local e relatou a tensão vivida pelas famílias. “Fizemos o possível para seguir o curso do rio, mas agora deixamos o trabalho nas mãos dos socorristas. Só esperamos que ainda estejam vivas”, disse à imprensa.
Diante da tragédia, o governador do Texas, Greg Abbott, decretou estado de desastre natural e visitou a área afetada. Em pronunciamento, afirmou que as buscas seguirão até que todas as crianças sejam localizadas. “Não vamos parar enquanto houver esperança”, declarou.
A tragédia também gerou críticas à falha nas previsões meteorológicas. Segundo o responsável municipal de Kerrville, Dalton Rice, a intensidade das chuvas superou em duas vezes o volume previsto. “As previsões estavam claramente erradas”, afirmou.
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, anunciou que o presidente Donald Trump pretende modernizar os sistemas de previsão climática e resposta a desastres, após críticas por cortes de verba em agências responsáveis pelo monitoramento meteorológico.
Cientistas alertam que eventos extremos como esse estão se tornando mais frequentes e intensos, impulsionados pelas mudanças climáticas provocadas por ações humanas. A tragédia no Texas reacende o debate sobre a urgência de políticas preventivas e de adaptação aos impactos ambientais globais.