“Somos tratados como escravos”: operários da Ponte JK cruzam os braços por direitos básicos

A obra é contratada pelo Ministério dos Transportes e executada pelo Consórcio Penedo-Neópolis, formado pelas empresas Construtora Gaspar S/A e Arteleste Construções Ltda. O projeto envolve a demolição da antiga ponte que desabou em dezembro de 2024, deixando 14 mortos e três desaparecidos, além da construção de novas fundações e melhorias nos acessos viários nos dois estados. A previsão de entrega é dezembro de 2025.
De acordo com os operários, as denúncias envolvem salários líquidos abaixo do mínimo nacional (R$ 1.412), jornadas exaustivas, exposição ao calor intenso, e ausência de pagamento por horas extras ou adicionais de insalubridade. Muitos afirmam estar recebendo valores próximos de R$ 1.090,63.
“Estamos sendo tratados como escravos. Trabalhamos expostos ao risco, sob o sol quente, lidando com concreto, ferro e máquinas pesadas. E ainda recebemos menos que o salário mínimo”, relatou um dos trabalhadores.
A situação levou os operários a deflagrarem uma greve nesta terça-feira (5), o que pode comprometer o cronograma da obra e afetar a previsão de conclusão.
DNIT e consórcio se manifestam
Procurado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pela fiscalização da obra, divulgou nota afirmando que acompanha o contrato em seus aspectos técnicos e administrativos.
“Com relação à paralisação ocorrida, o DNIT esclarece que está em contato com o consórcio responsável, o qual informou que a contabilização de horas extras dos trabalhadores será tratada caso a caso, com o objetivo de esclarecer dúvidas e garantir os direitos dos funcionários”, informou a autarquia.
O DNIT também garantiu que continuará fiscalizando o cumprimento integral do contrato, com atenção ao cronograma físico-financeiro e às obrigações trabalhistas da empresa contratada.
O Consórcio Penedo-Neópolis também foi procurado para comentar as denúncias, mas até o momento da publicação não havia emitido um posicionamento oficial.