Justiça manda soltar ‘Júnior do Nenzim’, acusado de matar o próprio pai em Barra do Corda

A Terceira Câmara do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) mandou soltar
Manoel Mariano de Sousa Filho o “Júnior do Nenzim”, que responde pela morte do
próprio pai, o ex-prefeito de Barra do Corda/MA Manoel Mariano de Sousa, o
“Nenzim”, de 79 anos. A vítima foi morta no dia 6 de dezembro de 2017, naquela
cidade, sendo que o mentor e executor do assassinato foi o filho dele.

A decisão judicial saiu nessa segunda-feira (7), sendo que Mariano terá de cumprir
algumas exigências, como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de sair de Barra
do Corda. Além de ficar nas ruas até das 22h.
Conclusão do inquérito
A Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) concluiu, em
dezembro de 2017, o inquérito acerca do assassinato do ex-prefeito de Barra do Corda,
Manoel Mariano de Sousa, o “Nenzim”, de 79 anos, crime ocorrido em 6 de dezembro
daquele ano naquela cidade. Os laudos periciais confirmaram que o filho dele, Manoel
Mariano de Sousa Filho, o “Júnior do Nenzim”, 47, de fato matou o próprio pai com
um tiro no pescoço e agiu diretamente sozinho.
O delegado Lúcio Rogério Reis, titular da SHPP, explicou que todos os laudos feitos
pela Perícia Criminal do Maranhão mostraram que Mariano Filho atirou no pai de
dentro da caminhonete Ford Ranger prata, sendo que ele guiava o veículo e o ex-
prefeito, que descia do automóvel quando foi atingido pelo projétil, ocupava o banco
do carona. No carro, o suspeito circulou com a vítima baleada por cerca de quarenta
minutos em um trecho da cidade, e, só depois desse longo tempo, conduziu “Nenzim”
ao hospital mais próximo.
Em virtude desse período longo dentro do carro e por estar bastante ensanguentado,
Manoel acabou falecendo. De acordo com Lúcio Rogério, Mariano, também
conhecido como “Vaqueiro da Barra”, não contou com a participação de outra pessoa
para cometer o crime diretamente, mas obteve a ajuda de seu primo, Francisco David
Correia de Freitas, para destruir os vestígios que estavam na caminhonete, que passou
por um processo de limpeza em um lava a jato, sendo que até os bancos da Ford
Ranger foram retirados.
Devido a esta colaboração, Francisco foi preso temporariamente e está respondendo
em liberdade por fraude processual, sendo que ele é o proprietário do veículo, como
confessou em novo interrogatório. O titular da SHPP frisou que, para a elaboração dos
laudos do Instituto de Criminalística (Icrim), participaram peritos de São Luís e
também de Imperatriz. Somente na caminhonete, foram realizadas três análises
forenses.
O inquérito foi encaminhado no dia 22 de dezembro ao Fórum de Barra do Corda, e
também foi enviado ao Ministério Público.
A prisão de Mariano: o filho do ex-prefeito foi capturado no dia 8 de dezembro,
durante a madrugada, na casa de um amigo, em Barra do Corda, por equipes da SHPP,
da Polícia Militar e da Delegacia Regional da cidade. Em seu desfavor, há um
mandado de prisão preventiva decretada por Iran Kurban Filho, juiz da 2ª Vara de
Barra do Corda. Antes, porém, havia um mandado de prisão temporária contra o
fazendeiro, que já foi até candidato a prefeito pelo município pelo Partido Verde (PV).
Juntamente com ele, foram presos o seu primo Francisco David e o vaqueiro Luzivan
Rodrigues da Conceição Nunes, conhecido pela alcunha de “Luizão” e funcionário da
fazenda de “Nenzim”, por força de mandados de prisão temporária. Este último teria
sido o responsável por avisar Mariano de que o pai dele iria fazer uma contagem de
gados no imóvel no dia 6, data do assassinato, o que levou “Júnior do Nenzim” a
planejar imediatamente a morte do seu genitor ao oferecer carona a ele até o local,
mas, no percurso, matou a vítima.
À polícia, “Vaqueiro da Barra” alegou que dois homens em uma moto interceptaram o
veículo Ford Ranger e atiraram no pai dele. Entretanto, a Perícia Criminal comprovou
que esses suspeitos nunca existiram e nunca estiveram lá. E que o autor dos disparos
foi, na verdade, o próprio Mariano Filho. A arma de fogo utilizada no crime, no
entanto, ainda não foi encontrada, como o delegado Lúcio assinalou.
Motivação: como a SHPP e a Delegacia Regional de Barra do Corda apuraram,
Mariano Filho estava furtando gados da fazenda do pai para pagar dívidas de sua
campanha para a Prefeitura de Barra do Corda. O vaqueiro “Luizão” – que acabou
sendo solto pouco depois por falta de provas que o incriminava, mas responderá por
esses furtos – ajudava “Júnior do Nenzim” nessa empreitada, que era feita na calada da
noite ou quando o ex-prefeito não estava lá. Das 635 cabeças, restavam apenas uma
média de 60. Esse sumiço dos bovinos iria ser detectado pela vítima caso chegasse ao
imóvel no dia 6 de dezembro, mas o filho o matou no caminho com um disparo no
pescoço.