Cinco policiais são presos por integrar grupo de milícia na Região dos Cocais

A Polícia Civil do Maranhão e o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), realizaram, nessa terça-feira (30), a
“Operação Balaiada”, nas cidades de Caxias e Aldeias Altas, na Região dos Cocais.
Foram capturados cinco policiais militares, que são suspeitos de integrar uma milícia
no local. Outras duas pessoas foram presas.
Segundo a Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), as
equipes deram cumprimento a mandados de prisão temporária e busca e apreensão,
decretados pela 1ª Vara da Comarca de São Luís. Dentre os militares capturados na
“Balaiada”, há os sargentos José Enedino e Raimundo Nonato, sendo este último
conhecido como “Nonatão”.
Também foram presos Antônio Simião, o “Toinho”, e Cícero da Silva, que atuavam
como pistoleiros dos milicianos. Outro, identificado como “Paulo Bala”, continua
foragido. O grupo, de acordo com a SHPP, praticava mortes por encomendas e até
ataques a instituições financeiras. Os militares eram os agenciadores e contratavam os
assassinos para os “serviços”.
Conforme as fontes, até o padre de Aldeias Altas esteve entre os alvos da organização
criminosa, sendo que ele teve que fugir da cidade devido às ameaças do grupo
miliciano. As delegacias regionais de Caxias e Timon também participaram dessa
operação.
A investigação
Segundo explicado pelo delegado Jeffrey Furtado, da SHPP e responsável pela
investigação, a apuração do caso pela Superintendência começou há oito meses, logo
após ter a Delegacia Regional de Caxias ter solicitado apoio por conta de uma série de
homicídios dolosos que ocorreram na região. Inicialmente, pensava-se que eram
crimes difusos, mas, com o aprofundamento do caso, verificou-se que havia indícios
de uma milícia.
Jeffrey mencionou que as investigações foram transferidas para a SHPP devido à
complexidade do caso, uma vez que se tratavam de várias mortes ligadas umas às
outras no que se refere à autoria. Essas execuções, conforme Furtado, eram cometidas
por diversas motivações, como vingança e acerto de contas. Até uma espécie de
“tribunal do crime” ocorria, pois os milicianos também matavam quem praticava
outros delitos.
O delegado informou que um ex-membro da organização criminosa fez delação
premiada e contou detalhes de como o grupo funcionava. Esse colaborador sugeriu que
mais de 12 homicídios foram cometidos pelo bando, incluindo duplos assassinatos.
Jeffrey disse que os policiais presos são lotados no 2º Batalhão de Polícia Militar
(BPM) de Caxias, enquanto os outros dois capturados são moradores de Aldeias Altas.
Furtado observou que, dependendo do desenrolar da investigação, pode pedir a
prorrogação da prisão temporária ou a conversão para prisão preventiva dos
investigados. Segundo ele, outros alvos da “Operação Balaiada” não foram
encontrados. A SHPP também pretende chegar ao “braço político” dos milicianos, a
fim de descobrir se os envolvidos eram financiados para a prática dos assassinatos.
Nas palavras do delegado Jeffrey, “o castelo está desmoronando”, ou seja, o grupo está
sendo desfeito e espera-se que tudo seja esclarecido para que a investigação descubra
como e por que os suspeitos cometeram esses homicídios. O colaborador, que fez a
delação premiada, de acordo com Furtado, falou que a organização cometia, ainda,
extorsão e roubos.