Com posse de novos ministros, Bolsa dispara e dólar fecha em R$ 3,81
Ibovespa sobe mais de 3% enquanto a moeda americana registra recuo de 1,88%

Os investidores começam o ano com otimismo em relação ao novo governo do presidente Jair Bolsonaro. No primeiro pregão de 2019, o Ibovespa dispara e sobe 3,61% aos 91.060 pontos, mesmo com o mau humor dos mercados internacionais. Já o dólar comercial recuou 1,70% e fechou negociado a R$ 3,81. Para analistas de mercado, os discursos da nova equipe de governo animam as compras na Bolsa e fizeram o dólar recuar frente ao real.
— Enquanto o mundo desaba e cresce o temor de que a economia global vai crescer menos em 2019, por aqui o clima é de euforia com o novo governo e um crescimento mais forte do país. A expectativa é que um projeto de reforma da Previdência seja encaminhando logo no Congresso, e que a equipe econômica reduza o custo Brasil e leve adiante uma reforma Tributária. Tudo isso está fazendo o mercado se antecipar e a Bolsa subir na contramão do mercado externo – avalia Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.
O Ibovespa é puxado pela alta das ações da Eletrobras . As ações ordinárias da estatal sobem 15,56% a R$ 28,05, quanto os papéis PNB avançam 11,50% a R$ 31,41. Os papéis dispararam após o novo ministro de Minas e Energia ter dito que pretende avançar no processo de privatização da companhia. Os papéis de bancos, que têm peso importante no índice, também estão em alta expressiva. As ações preferenciais do Bradesco avançam 3,77% a R$ 40,11, enquanto as preferenciais do Itaú Unibanco ganham 3,43% a R$ 36,70. Os papéis preferenciais da Petrobras sobem 4,40% a R$ 23,68.
As ações da fabricante de armas Forjas Taurus sobem com força em meio a expectativa de liberação do porte de armas sinalizada pelo governo de Jair Bolsonaro. Os papeis da empresa, embora não façam parte do ibovespa, estão entre as maiores altas da Bolsa. As preferenciais da Taurus disparam 25,18% a R$ 5,07, enquanto as ordinárias saltam 31,10% a R$ 6,28.
Para o analista Gabriel Francisco, da XP Investimentos, o Brasil neste primeiro dia útil de 2019 é o destaque positivo do mercado financeiro internacional. A expectativa dos investidores é positiva em relação à agenda doméstica. Segundo ele, os discursos da equipe do novo governo seguem na linha do que o mercado esperava. O ministro Paulo Guedes, por exemplo, ressaltou que a despesa da Previdência é o primeiro e maior desafio a ser enfrentado. Guedes afirmou que a Previdência Social, as privatizações e a simplificação de tributos são os “pilares da nova gestão”.
— E o novo ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, afirmou que a prioridade é a capitalização da Eletrobras, o que fez disparar as ações da empresa. Além disso, há notícias confirmando que o PSL fechou acordo para a reeleição de Rodrigo Maia à presidência da Câmara dos Deputados, o que mostra que o governo está se movimentando para se articular e construir uma base de apoio no Congresso para aprovar as reformas. A notícia de que o ministro da economia, Paulo Guedes, já tem um projeto para corrigir alguns pontos da Previdência via MP também é positiva – destaca Francisco.
Com isso, diz o analista, abre-se um ciclo Brasil positivo, que beneficia ações de bancos e varejo, por exemplo.
— Se o governo conseguir demonstrar que vai avançar nesta agenda positiva, tem possibilidade de entrada novamente do investidor estrangeiro, que no ano passado não foi o mais ativo na Bolsa – observa o analista.
Para os analistas da Guide Investimentos a reafirmação do compromisso com reformas estruturais e com uma política fiscal responsável, no discurso de posse do presidente Jair Bolsonaro, é muito bem avaliada pelo mercado.
Dados mais fracos da economia chinesa
Do exterior, o mercado analisa novos dados da economia chinesa, que sinalizam desaceleração da segunda maior economia do mundo. De acordo com a pesquisa divulgada pela IHS Markit, o índice de atividade industrial (PMI) na China caiu inesperadamente para 49,7 pontos em dezembro, ante 50,2 em novembro, ficando abaixo das expectativas. Pela primeira vez desde maio de 2017, o índice ficou abaixo de 50 pontos, contra as expectativas dos analistas de que permaneceria neste nível, que separa a contração da expansão da atividade industrial.
— Os dados da indústria na zona do euro também vieram fracos, o que elevou o temor de um crescimento global menor para este ano — diz Galdi, da Mirae.
A boa notícia é que em 29 de dezembro, o presidente Donald Trump twittou que ele e o presidente chinês, Xi Jinping, fizeram grandes progressos nas negociações comerciais que devem ser concluídas em 1º de março. É um alento para o mercado que terminou o ano preocupado com as consequências da guerra comercial entre os dois países.
No exterior, o clima é de aversão ao riscoe o dólar é procurado pelos investidores. O Dollar Spot, índice da Bloomberg que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, avançava 0,87% no fechamentos dos negócios no Brasil.
Na avaliação de Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do banco Ourinvest, o mercado internacional já sinaliza que 2019 não deve ser fácil para os países emergentes logo no primeiro dia do ano. O indicador de atividade industrial da China de dezembro mostrou resultado pior que o esperado, sugerindo que o país está mesmo em rota de desaceleração. Assim, o cenário doméstico influencia o mercado neste início de 2019.
— No primeiro dia do ano, o noticiário mostra que a equipe econômica já estava trabalhando em algumas medidas necessárias para desenvolvimento do país. Assim, o real se desvaloriza menos que outras moedas emergentes – diz Consorte.
O Banco Central realizou leilão de até 13,4 mil contrato de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de fevereiro, no total de US$ 13,3 bilhões.