A GEOPOLÍTICA É UMA ÁREA que trata das relações de poder entre as nações, considerando fatores como influência da geografia, da economia, da demografia nas políticas e relações internacionais. E, ainda, outras coisas mais. Esta área examina como o posicionamento geográfico dos países, seus recursos naturais e as dinâmicas populacionais moldam o poder político, econômico e militar no cenário global. A geopolítica, portanto, é crucial para se compreender os conflitos internacionais, as alianças estratégicas e as decisões políticas que afetam não apenas os países individualmente, mas o mundo como um todo. O Brasil, por sua vez, ocupa uma posição fundamental nesse cenário exatamente por estar num continente muito importante para o mundo, a América do Sul. Na Coluna Leitura Livre de hoje vou tentar explicar como isso funcional diante do mundo e qual é o significado disso a partir das eleições de 2026.
Fundamento e evolução da geopolítica. O termo “geopolítica” foi cunhado no final do século XIX pelo cientista político sueco Rudolf Kjellén, que buscava uma compreensão mais ampla das relações internacionais, levando em conta fatores geográficos e territoriais. Desde então, a geopolítica evoluiu para incluir não apenas a geografia física e humana, mas também considerações econômicas, culturais e tecnológicas. Isso diante de um mundo cada vez mais crescente.
Durante o século XX, a geopolítica ganhou destaque nas estratégias militares e diplomáticas, especialmente durante a Guerra Fria, quando os Estados Unidos e a União Soviética utilizaram princípios geopolíticos e suas estratégias para expandir sua influência global e ao mesmo tempo conter a expansão de poder do adversário.
Principais conceitos da geopolítica. Para uma melhor compreensão sobre a geopolítica, é importante familiarizar-se com alguns dos principais conceitos e teorias que embasam este campo de estudo. Inicialmente, é importante enfatizar que o poder geopolítico refere-se à capacidade de um Estado de influenciar outros Estados ou regiões através de sua posição geográfica perante o mundo, recursos naturais e força militar. O poder geopolítico, por conseguinte, é frequentemente medido pela capacidade de um país projetar sua influência além de suas fronteiras.
Depois disso, perpassa por uma teoria conhecida como Heartland, proposta pelo geógrafo britânico Halford John Mackinder, que sugere que a região central da Eurásia, conhecida como “Heartland”, é a chave para o controle do mundo. Segundo Mackinder, quem controla o Heartland controla a Eurásia, e quem controla a Eurásia controla o destino global.
Aí vem outra questão, chamada de Rimland. Em contraste com a teoria do Heartland, o geopolítico americano Nicholas J. Spykman propôs a teoria do Rimland, que enfatiza a importância das regiões costeiras da Eurásia. Spykman argumentava que o controle dessas áreas periféricas seria mais crucial para o domínio global.
Também temos o Cinturão de Instabilidade, que se refere a regiões do mundo onde ocorrem conflitos frequentes devido à sobreposição de interesses geopolíticos, rivalidades étnicas e religiosas, e recursos naturais abundantes. Exemplos disso incluem o Oriente, o Cáucaso e partes da África.
Por fim, aparece a multipolaridade, que refere-se a um sistema internacional no qual vários Estados têm poder relativamente equilibrado, em oposição à unipolaridade, em que um único Estado domina. Na geopolítica contemporânea, o mundo está se movendo em direção a um sistema multipolar, com potências emergentes como China, Rússia e Índia desempenhando papéis cada vez mais importantes. E o Brasil também caminha nessa direção.
Como a geopolítica se faz importante no mundo contemporâneo. A geopolítica é mais relevante do que nunca na era globalizada atual. Com o aumento das interdependências econômicas, a ascensão de novas potências e as mudanças climáticas, a geopolítica desempenha um papel fundamental na formulação de políticas nacionais e internacionais. Alguns fatores contemporâneos, nesse universo de coisas, destacam a importância da geopolítica.
O primeiro deles trata de recursos naturais e energia. Como assim? Os recursos naturais, especialmente os recursos energéticos como petróleo, gás natural e minerais raros, são centrais para a geopolítica. Países ricos em recursos naturais, como a Arábia Saudita, a Rússia e o Brasil, têm um poder significativo nas relações internacionais devido à sua capacidade de influenciar os mercados globais de energia e matérias-primas. Veja que a disputa por controle e acesso a esses recursos frequentemente leva a tensões geopolíticas, como observado nas guerras e crises no Oriente Médio.
A transição para energias renováveis também está criando novas dinâmicas geopolíticas. Países que dominam a produção de tecnologias verdes, como a China, que lidera a produção de painéis solares e baterias de lítio, estão ganhando influência no novo cenário energético global.
Um segundo fator é a geopolítica das comunicações e ciberespaço. Com a crescente digitalização e a dependência das tecnologias de informação, a geopolítica se expandiu para incluir o ciberespaço. A soberania digital, a cibersegurança, e o controle sobre as infraestruturas de internet se tornaram questões críticas. A rivalidade entre Estados Unidos e China, em torno do 5G e outras tecnologias emergentes, é um exemplo claro de como o ciberespaço se tornou um campo de batalha geopolítico de muita significatividade.
Além disso, a capacidade de influenciar a opinião pública global através das redes sociais e da manipulação da informação também se tornou uma ferramenta geopolítica de suma significância. As campanhas de desinformação e as guerras cibernéticas são estratégias utilizadas por Estados e atores não estatais para desestabilizar adversários e moldar narrativas. Isso ainda tem projeções e interesses obscuros que somente serão desvendados em momentos oportunos num futuro bem próximo. Talvez os escatologistas expliquem isso com mais relevância, não meramente pelo viés da teologia mas, sim, pelo conhecimento teológico-científico protagonizado estudiosos da comunidade internacional de cientistas e teólogos tarimbados.
Numa outra visão, contemplamos a geopolítica climática. Ela vislumbra e esclarece que as mudanças climáticas estão remodelando a geopolítica global. O derretimento do Ártico, por exemplo, está abrindo novas rotas marítimas e expondo reservas de recursos anteriormente inacessíveis, o que está gerando novas disputas territoriais entre países como Rússia, Estados Unidos e Canadá. Além disso, segundo especialistas, a escassez de água e os eventos climáticos extremos estão exacerbando conflitos em regiões já instáveis, como o Oriente Médio e a África Subsaariana.
Estudos mostram que a diplomacia climática também se tornou uma dimensão importante da geopolítica. As negociações sobre o clima, como as realizadas nas conferências da ONU, são arenas onde os Estados tentam equilibrar seus interesses nacionais com as necessidades globais, frequentemente resultando em tensões e compromissos complexos. Tenho acompanhado isto ao longo das minhas pesquisas e uma perspectiva muito próxima que tem a ver com a no a Nova Ordem Mundial, que vem se movimentando secretamente a partir de janeiro de 2023 e que a partir de julho de 2027 mostrará algum evento perante o mundo que abalará todas as estruturas “ultrassociais” e universais.
Outro fator importante está na geopolítica econômica. Vejamos que a economia globalizada interconectou os destinos de países de todo o mundo. A quetão tornou-se planetária numa proporcionalidade majestosa difícil até de explicar. Logo, a geopolítica econômica envolve o uso de políticas econômicas como sanções, tarifas e acordos comerciais para exercer influência ou coagir outros Estados. As guerras comerciais, como a recente disputa entre os Estados Unidos e a China, são exemplos de como a economia global pode ser utilizada como uma ferramenta geopolítica.
Além disso, instituições financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, desempenham papéis geopolíticos ao fornecer ajuda financeira condicionada a reformas políticas e econômicas. A competição por investimentos estrangeiros e o controle sobre cadeias de suprimentos globais também são aspectos cruciais da geopolítica econômica contemporânea.
Agora, passamos pela geopolítica das migrações. Os movimentos populacionais em massa, causados por conflitos, crises econômicas ou mudanças climáticas, têm grandes implicações geopolíticas. A migração pode alterar as dinâmicas demográficas, políticas, sociais e econômicas em regiões inteiras. A crise dos refugiados na Europa e as caravanas migratórias na América Latina são exemplos de como as migrações podem influenciar as políticas internas e externas dos países envolvidos.
Em tese, a gestão das fronteiras e as políticas de imigração tornaram-se questões centrais nas agendas políticas de muitos países, refletindo a crescente interconexão entre segurança nacional, direitos humanos e geopolítica.
Agora, temos alguns desafios e algumas críticas para uma breve reflexão. Embora a geopolítica seja uma ferramenta poderosa para a análise das relações internacionais, ela não está isenta de críticas e desafios. Alguns dos principais pontos de crítica incluem o que vamos pontuar a seguir.
Primeiramente, temos um certo determinismo geográfico. A geopolítica, especialmente em suas formas mais tradicionais, tem sido acusada de determinismo geográfico, ou seja, de atribuir um papel excessivo à geografia física na determinação das relações de poder. Isso pode levar à simplificação excessiva de questões complexas e à negligência de fatores culturais, históricos e sociais.
Em segundo lugar, há uma perspectiva ocidental relevante. A geopolítica clássica foi desenvolvida principalmente por estudiosos ocidentais, o que pode levar a uma visão enviesada das dinâmicas globais. Isso pode resultar em análises que não consideram adequadamente as perspectivas e interesses dos países do Sul Global.
Há também uma ética na geopolítica. E a aplicação prática da geopolítica para isso nem sempre considera questões éticas, como os direitos humanos ou a justiça social. As decisões baseadas exclusivamente em considerações geopolíticas podem, em alguns casos, levar à perpetuação de conflitos, desigualdades e injustiças. No meus livros o A igreja cidadã e O mundo em órbita de alerta eu trato dessas questões.
Então temos uma complexidade no mundo contemporâneo. E o mundo contemporâneo é caracterizado por uma complexidade crescente, em que as fronteiras entre política interna e externa, entre economia e segurança, estão cada vez mais borradas. A geopolítica tradicional, com suas categorias rígidas, pode não ser suficiente para capturar essa complexidade e esse dinamismo.
A geopolítica tem um futuro que precisamos considerar. Neste aspecto, o futuro da geopolítica será moldado por uma combinação de fatores emergentes e contínuos. A ascensão de novas potências, as mudanças tecnológicas, as crises ambientais e as transformações econômicas globais continuarão a desafiar e redefinir as antigas teorias e práticas geopolíticas. Finalizo este artigo com alguns pontos.
Em primeiro lugar, tem a ascensão da Ásia e a multipolaridade. A ascensão da China e da Índia está redistribuindo o poder global para o Oriente, criando uma nova dinâmica multipolar. Esse deslocamento de poder terá profundas implicações para a geopolítica global, com novas alianças, rivalidades e padrões de influência emergindo. A Ásia, com sua vasta população, recursos econômicos e desafios territoriais, será um dos principais focos da geopolítica nas próximas décadas, em que teremos novos cenários.
Em segundo lugar, vem aí uma nova revolução tecnológica para controlar o mundo com rigor. As inovações tecnológicas, como a inteligência artificial, a biotecnologia e as redes de quinta geração (5G), estão criando novas fronteiras geopolíticas. A capacidade de dominar essas tecnologias conferirá uma vantagem significativa aos países que as controlam, enquanto aqueles que ficarem para trás poderão enfrentar desafios crescentes em manter sua soberania e relevância global.
Temos ainda a geopolítica do espaço. À medida que o espaço se torna a próxima fronteira de exploração e militarização, a geopolítica também se expandirá para além da Terra. Países e empresas privadas estão cada vez mais interessados em explorar e colonizar o espaço, o que pode levar a novas formas de rivalidade e cooperação. A segurança espacial, a regulamentação internacional e a exploração de recursos extraterrestres serão questões centrais na geopolítica do futuro. Tudo será controlado absurdamente.
Mudanças climáticas e crises ambientais. O que temos a dizer? As mudanças climáticas continuarão a ser um dos principais motores de mudança geopolítica. A competição por recursos hídricos, a migração climática e as novas rotas comerciais emergentes, devido ao derretimento do Ártico, são apenas alguns exemplos de como as questões ambientais estão reconfigurando a geopolítica. A necessidade de cooperação global para mitigar as mudanças climáticas também criará novas alianças e rivalidades.
Uma questão de fragmentação e nacionalismo. Paradoxalmente, enquanto o mundo se torna mais interconectado, também está se fragmentando. O ressurgimento do nacionalismo e a desintegração de grandes blocos políticos, como a União Europeia, podem levar a um mundo mais fragmentado e imprevisível. Esta fragmentação poderá resultar em novas formas de conflito e competição, bem como em alianças regionais inesperadas.
A geopolítica, enfim, é uma questão essencial para a compreensão das complexas interações entre geografia, poder e política no cenário global e suas sociabilidades. Em um mundo cada vez mais interconectado e em rápida transformação, a geopolítica oferece uma lente poderosa para analisar e prever as dinâmicas de poder entre Estados e regiões.
Para ser verdadeiramente eficaz, no entanto, a geopolítica deve evoluir para incluir uma compreensão mais ampla das novas realidades tecnológicas, ambientais e sociais que moldam o mundo contemporâneo. Isso inclui uma maior sensibilidade às questões éticas, uma abordagem mais inclusiva que considere perspectivas não ocidentais, e uma capacidade tonificada de lidar com a crescente complexidade e interdependência global.
Em regra, ao dominar os conceitos e ferramentas da geopolítica, indivíduos e organizações podem estar melhor preparados para navegar e influenciar as mudanças globais, garantindo segurança, prosperidade e sustentabilidade em um mundo cada vez mais competitivo e interligado. O Brasil de sempre, em meio a isso, é o país da América do Sul que será estrategicamente usado no protagonismo da Nova Ordem que, enfim, o mundo brevemente conhecerá. E Lula, colocado de volta na presidência, é o cobaia do sistema para essa nova ordem. Pois além da geopolítica das políticas, existem, ainda, as políticas da geopolítica.

