Uma pesquisa realizada por estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) revelou um cenário preocupante sobre o uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes de São Luís. O levantamento aponta que o vape, apesar de ser divulgado como alternativa moderna e supostamente menos prejudicial ao cigarro convencional, vem sendo experimentado cada vez mais cedo e já provoca efeitos imediatos na saúde dos jovens.
Aplicado em uma escola de ensino médio da capital, o estudo ouviu adolescentes de 15 a 17 anos. De acordo com os dados, 19,5% dos estudantes já utilizaram cigarro eletrônico, sendo que a maior parte teve o primeiro contato entre 11 e 15 anos, idade considerada de alto risco para dependência.
A pesquisa também identificou forte desinformação sobre os impactos do dispositivo. Cerca de 12,2% dos entrevistados acreditam que o vape é menos nocivo que o cigarro tradicional, enquanto 14,6% disseram não saber avaliar os riscos. Segundo o estudo, essa percepção equivocada é influenciada por conteúdos nas redes sociais, marketing indireto e pela aparência atrativa dos aparelhos.
Sintomas aparecem rapidamente
Entre os jovens que já utilizaram cigarro eletrônico, metade relatou sintomas imediatos, como tosse persistente, irritação na garganta, chiado no peito e falta de ar. Estudos internacionais apontam que esses sinais são compatíveis com reações inflamatórias provocadas pela inalação dos aerossóis contendo nicotina, flavorizantes, metais pesados e solventes tóxicos.
Cenário nacional segue tendência semelhante
Os resultados locais acompanham dados nacionais. A Pesquisa Nacional de Saúde (2019) mostra que 70% dos usuários de cigarros eletrônicos no país têm entre 15 e 24 anos. Já levantamento da Fiocruz (2023) indica que cerca de 20% dos jovens de 18 a 24 anos fazem uso regular desses dispositivos. Mesmo com a proibição de venda no Brasil pela Anvisa, o acesso continua amplo, especialmente entre adolescentes.
Riscos comprovados
Especialistas alertam que os cigarros eletrônicos estão longe de ser inofensivos. Entre os principais riscos associados ao uso estão:
EVALI, lesão pulmonar grave reconhecida pelo CDC;
bronquiolite obliterante, doença irreversível que afeta os bronquíolos;
aumento de problemas cardiovasculares, como arritmias, hipertensão e derrame;
prejuízos ao desenvolvimento cerebral, afetando memória, atenção e aprendizado;
risco elevado de dependência química, devido à nicotina.
Mitos desmentidos
O estudo reforça que várias crenças comuns entre jovens não têm respaldo científico:
Vape não é mais seguro que o cigarro comum.
Não há comprovação de que ajude a parar de fumar.
A venda desses dispositivos é proibida no Brasil.
Adolescentes são mais vulneráveis aos danos provocados pela nicotina.
Problema já visível nas escolas
A pesquisa conclui que o uso de cigarros eletrônicos já faz parte da rotina de muitas escolas de São Luís. O levantamento aponta a necessidade urgente de ampliar ações educativas, fortalecer a fiscalização e implementar estratégias de prevenção específicas para o ambiente escolar. (Com informações do Informante)

