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Câmara Municipal Ignora o Regimento e Concede, por Unanimidade, Título de Cidadão Ludovicense a Lula

FLAVIA

FLAVIA

A sessão que concedeu o título de cidadão ludovicense a Luís Inácio Lula da Silva expôs, mais uma vez, a fragilidade institucional e a clara disposição de parte da Câmara Municipal de São Luís em atropelar o próprio Regimento quando lhes convém. A aprovação ocorreu em regime de urgência, sem observância mínima dos trâmites previstos e, pior, por unanimidade, como se não houvesse na Casa qualquer voz divergente ou compromisso real com a legalidade e a transparência.

O episódio chama atenção não apenas pelo conteúdo político da homenagem, mas pela forma: como uma votação dessas passa sem debate, sem parecer adequado, sem respeito às regras internas? A unanimidade, em um parlamento onde há representação bolsonarista e oposição direta ao lulismo, revela um movimento que, no mínimo, causa estranheza. É sintomático que, mesmo com a presença de uma vereadora firme na defesa dos valores conservadores e crítica histórica dos escândalos que envolvem Lula e o PT, o resultado registrado tenha sido unânime. E isso reforça ainda mais a percepção de que o processo foi conduzido de modo açodado, sem permitir manifestação plena de todos os parlamentares — inclusive daqueles que estavam ausentes por motivo justificável.

Quando o Regimento é ignorado, o debate é sufocado, e decisões simbólicas são tratadas como atos automáticos, perde a democracia, perde o cidadão ludovicense. A Câmara deveria ser exemplo de respeito às normas, e não palco de atropelos regimentais motivados por conveniência política. O que ocorreu neste episódio será lembrado não como um gesto de homenagem à cidade, mas como um alerta sobre o perigo de uma Casa Legislativa que flexibiliza suas regras conforme os interesses do momento.

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