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Escândalo no TJMA: gabinete com parente do oligarca Brandão no centro de vazamentos de informações sigilosa

Fachada da sede do TJMA

Um processo sigiloso em tramitação no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) tem sido alvo de vazamentos frequentes de informações, muitas delas supostamente distorcidas, o que pode levar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a instaurar uma investigação.

O caso chama atenção porque o gabinete responsável pelo processo conta com uma assessora comissionada que é esposa do secretário de Estado Orleans Brandão, sobrinho do governador oligarca Carlos Brandão. Coincidentemente, as informações vazadas têm atingido adversários políticos da família Brandão, o que levanta suspeitas de uso político do sigilo judicial.

Até o mês passado, o processo estava sob relatoria de um desembargador que se declarou suspeito e deixou o caso. Mesmo assim, os vazamentos continuaram, e ainda não se sabe quem tem acesso aos autos.

Na semana passada, uma comissão de parlamentares, formada pelo deputado federal Márcio Jerry e pelos estaduais Carlos Lula, Rodrigo Lago, Othelino Neto, Ricardo Rios, Leandro Bello e Júlio Mendonça, denunciou a existência de grampos ilegais e inquéritos forjados supostamente conduzidos por setores do governo estadual para perseguir adversários políticos.

“Esse governo é muito eficiente para perseguir adversários. Infelizmente, é a isso que tem se prestado a Segurança Pública”, declarou Carlos Lula, durante coletiva.

Segundo o deputado, há investigações fabricadas contra opositores e até contra o vice-governador Felipe Camarão, conduzidas por uma mesma comissão de delegados escolhida a dedo, o que coloca em dúvida a imparcialidade das apurações.

Lula também criticou o vazamento seletivo de informações à imprensa local. “O mais curioso é que todos sabem dos inquéritos. Partes desses processos são vazadas criteriosamente para jornalistas de confiança do Palácio dos Leões, mas nós, que somos citados, não conseguimos sequer consultá-los”, afirmou.

As suspeitas se agravaram após reportagem revelar a nomeação da esposa do sobrinho do governador como assessora no TJMA, no mesmo gabinete ligado ao processo sigiloso. O fato reacendeu o debate sobre nepotismo e tráfico de influência dentro da administração estadual.

O Palácio dos Leões já se movimenta para conter o desgaste político causado pela nova denúncia, que se soma à decisão recente do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a exoneração de oito parentes do governador oligarca Carlos Brandão.

Entre os afastados está Marcus Brandão, irmão do governador e sogro da assessora do desembargador que era relator do processo sigiloso. Marcus havia sido nomeado inicialmente na Assembleia Legislativa, depois transferido para o Executivo Estadual, de onde também foi afastado por determinação do STF.

Outro afastado é Ítalo Augusto, genro de Marcus Brandão e cunhado da mesma assessora, o que coloca o gabinete do Palácio Clóvis Beviláqua (sede do TJMA) sob possível mira do CNJ e do STF.

O desembargador que deixou o caso não se pronunciou publicamente, e o Tribunal de Justiça do Maranhão também não esclareceu as razões da suspeição. O processo segue em sigilo, e os alvos das publicações com informações vazadas ainda não foram notificados.

Enquanto isso, cresce a desconfiança de que a máquina estatal esteja sendo usada para fins políticos, num cenário em que o governador oligarca Carlos Brandão acumula denúncias de perseguição, nepotismo e uso indevido da estrutura pública.

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