De acordo com as projeções oficiais, o rombo pode chegar a R$ 30 bilhões, valor próximo do limite permitido pelo novo arcabouço fiscal. A expectativa de zerar o déficit primário — anunciada no início do ano — não deve se concretizar.
Arrecadação em alta, mas desequilíbrio persiste
A arrecadação de tributos pela União, Estados e municípios alcançou 34,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 e deve continuar crescendo em 2025, ultrapassando a média dos países da OCDE (33,9%). Mesmo assim, o aumento da receita não tem sido suficiente para conter o avanço das despesas, que continuam em trajetória de alta e pressionam o orçamento.
Economistas alertam que o país vive um paradoxo fiscal: arrecada mais do que nunca, mas gasta ainda mais. A combinação entre aumento de gastos obrigatórios e baixo espaço para cortes mantém o orçamento em desequilíbrio.
Dívida pública em ritmo acelerado
A dívida bruta do governo geral — que inclui União, Estados e municípios — atingiu 77,5% do PIB, o equivalente a R$ 9,6 trilhões. Desde o início da atual gestão, o indicador subiu 5,8 pontos percentuais, sinalizando deterioração do quadro fiscal.
Boa parte das despesas tem sido financiada com emissão de títulos, o que aumenta o custo da dívida e reduz a capacidade de investimento do governo. Especialistas consideram o ritmo de endividamento “preocupante” e alertam para o risco de perda de credibilidade fiscal.
Gastos obrigatórios comprimem o orçamento
A política de valorização do salário mínimo, com reajustes acima da inflação, tem elevado as despesas com previdência e programas sociais. Benefícios como Bolsa Família, BPC e seguro-desemprego estão diretamente atrelados ao piso nacional, ampliando a pressão sobre as contas públicas.
De acordo com analistas, o avanço dos gastos obrigatórios reduz o espaço para investimentos e custeio da máquina pública, limitando a capacidade do governo de melhorar serviços e infraestrutura.
Em 2024, as despesas do governo federal somaram 32,2% do PIB, o equivalente a R$ 3,78 trilhões. Incluindo Estados e municípios, o gasto total chegou a R$ 5,36 trilhões. O resultado nominal, que leva em conta o pagamento dos juros da dívida, ficou negativo em 7,67% do PIB, cerca de R$ 900 bilhões.
Desafio fiscal crescente
Mesmo com arrecadação recorde, o Brasil segue em rota de desequilíbrio fiscal. O avanço das despesas e o crescimento da dívida pública dificultam a retomada da estabilidade econômica e a confiança dos investidores.
Para especialistas, a trajetória atual é insustentável e exigirá revisão do modelo de gastos públicos. Sem uma política clara de contenção de despesas, o país corre o risco de permanecer preso em um ciclo de déficit e endividamento crescente, comprometendo o crescimento econômico nos próximos anos.