A ABL também tem uma missão essencial na preservação da Língua Portuguesa, constituindo-se como referência para o intercâmbio do conhecimento e preservação da memória e cultura brasileira.
A Academia disponibiliza serviços como o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), reduções, novas palavras, dicionário, lexicologia e lexicografia, que coleciona verbetes oficiais e disponibiliza à sociedade.
Mas, embora esse papel fundamental já seja devidamente cumprido pela ABL e seguido por suas congêneres, é preciso ir além. Pelo menos, assim entendo.
Atualmente, a relevância dessas instituições do saber reside na capacidade de compreender a dinâmica social, de se modernizar e de democratizar o acesso ao conhecimento.
Como membro da Academia Ludovicense de Letras, que assiduamente inclino o olhar sobre a sociedade, retratando aspectos dos mais diversos da vida cotidiana, diria que o papel das academias pode ser resumido em, pelo menos, quatro frentes de atuação.
Preservação e harmonização da língua – penso ser este o pilar fundamental de toda academia de letras. Essa missão tem sido continuamente preservada pelas guardiãs do vernáculo, mantendo a unidade do idioma mesmo diante de suas constantes evoluções.
Democratização e acesso à cultura – vertente que pode ser impulsionada pela informatização das academias, ampliando o seu alcance e possibilitando romper com uma imagem de terreno restrito e levar cultura ao público em geral.
Nesse sentido, é importante o uso de mecanismos modernos, que abrem canais de comunicação e dialogam com o público geral e promovem ações que integram segmentos artísticos. Esta frente ainda consiste em iniciativas como visitas guiadas, palestras, lançamentos de livros e acesso a obras em suas bibliotecas.
Fomento à produção e novos talentos – entram nesta órbita ações em parceria com escolas, realização de prêmios literários, promoção de publicações, oferta de cursos sobre gêneros literários. A valorização das regionalidades pode ser explorada neste pilar.
Renovação do pensamento e pluralidade – alicerça-se no debate acerca da abertura para refletir a complexidade da sociedade contemporânea, voltada para temas cotidianos. Abre-se para participação de escritores de vertentes diversas, sem estabelecer restrições.
Em essência, as academias poderiam repensar seu lugar na sociedade contemporânea, sem perder sua função como uma guardiã do legado intelectual, constituindo-se como centro cultural vibrante do presente e um fomentador ativo do futuro intelectual e literário do país.
Em um país em que o índice de analfabetismo e analfabetismo funcional ainda nos envergonha, as academias precisam funcionar não apenas como um farol, que pisca ao longe, mas funcionar como uma lanterna nas mãos de cada um que deseja iluminar os caminhos da sabedoria.
Osmar Gomes dos Santos é Juiz de Direito na Comarca da Ilha de São Luís (MA).
Membro das Academias Ludovicense de Letras, Maranhense de Letras Jurídicas, da ALMA – Academia Literária do Maranhão e da AMCAL – Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras.