Preso e apontado como o principal nome capaz de revelar os bastidores do escândalo do caso Tech Office, Gilbson César Soares Cutrim Júnior passou a ser, segundo apuração do Jornal Itaqui-Bacanga, um alvo direto da família Brandão, grupo político que hoje controla o Estado do Maranhão. A denúncia é grave: havia um plano em curso para eliminar Gilbson Júnior dentro do sistema prisional maranhense.
Imagens obtidas pela reportagem mostram Gilbson Júnior antes de ser custodiado e, posteriormente, durante sua transferência, já visivelmente debilitado. Após ordem do ministro do STJ, ele foi levado a um presídio federal de segurança máxima, onde permanece sob custódia. Segundo fontes ouvidas com exclusividade, o plano de silenciar Gilbson Júnior foi interrompido a tempo graças à esposa dele, a senhora Lorena, que, após denúncias de agentes penitenciários que pediram reserva de suas identidades, foi informada do que estava de fato acontecendo. Ela conseguiu detectar e comunicar o ocorrido à Procuradoria Federal e à Polícia Federal, chegando ao conhecimento do ministro Humberto Martins, para que fossem tomadas as providências iniciais. A motivação para esse suposto plano seria impedir que ele revelasse detalhes comprometedores que atingem diretamente membros da família Brandão.
De acordo com denúncias, por meio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Maranhão, comandada pelo secretário Murilo Andrade e com participação direta do subsecretário operacional Fredson, a família Brandão teria tentado executar Gilbson Júnior silenciosamente, por meio do uso abusivo de medicações. A própria esposa do preso, a senhora Lorena, percebeu mudanças drásticas no estado de saúde do marido: perda de peso rápida, lapsos de memória e episódios de desorientação. Um dos agentes penitenciários chegou a alertar, em forma de denúncia, os agentes da Polícia Federal: “Olha, doutor, eles estavam matando esse rapaz.”
Ainda segundo essa mesma fonte, Gilbson Júnior passou a receber medicamentos sem prescrição clara e com fortes efeitos colaterais, incluindo substâncias com potencial de induzir sintomas semelhantes aos da doença de Alzheimer. O objetivo, segundo os relatos, seria debilitar física e mentalmente o preso até sua morte, sem deixar rastros evidentes. O episódio revela uma tentativa de “queima de arquivo” em curso no coração do sistema prisional estadual, bancado pela família Brandão.
O caso levanta suspeitas de que a família Brandão está disposta a tudo para manter o controle político e institucional do Maranhão. O estilo de governo e as manobras políticas remetem ao coronelismo, com ações centralizadas e o uso das instituições como instrumentos de poder. Na Assembleia Legislativa do Maranhão, a presidente Iracema Vale é apontada como uma aliada incondicional dos Brandão, enquanto o verdadeiro comando do poder legislativo estaria nas mãos de Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão.
A influência da família se estende também ao Tribunal de Contas do Estado, onde Daniel Itapary Brandão, sobrinho do governador Carlos Brandão, ocupa o cargo de presidente do órgão. Empresas ligadas à família Brandão estão, ainda, sob investigação por suspeitas de favorecimento em contratos milionários com o governo estadual, além de outros escândalos em setores estratégicos, todos ainda sem respostas claras à sociedade.
Gilbson Júnior, segundo apuração do Jornal Itaqui-Bacanga, tem conhecimento profundo dos esquemas e do caso Tech Office. O próprio Daniel Itapary Brandão, sobrinho do governador Carlos Brandão, articulou encontro com Gilbson e demais envolvidos no dia do assassinato. O temor da família Brandão seria que Gilbson decidisse contar todos os detalhes de esquemas, pagamentos irregulares e fraudes, o que colocaria a família Brandão em situação vexatória e delicada.
Por fim, o que se observa é que a família Brandão, segundo as denúncias, está inteiramente envolvida no caso do assassinato no Tech Office. Daniel Brandão teria, com autorização de Marcus Brandão e do próprio governador Carlos Brandão, liberado recursos e valores que seriam considerados “perdidos”, repassando parte ao grupo de beneficiários internos. Gilbson Júnior teria sido encarregado da recuperação desses valores e de outros recursos, e agora se torna peça central no esclarecimento do caso.
Segundo apuração, Júnior não operou somente no caso do Tech Office, mas também atuou a mando da família Brandão em outras ações para resgatar valores e intermediar situações nebulosas, as quais o grupo Brandão tenta esconder a todo custo, tanto que tentaram executar quem mais tem conhecimento sobre essas ações.
Graças à ação da Polícia Federal, ao alerta de agentes penitenciários e à vigilância da esposa, Gilbson Júnior hoje encontra-se em segurança, com a saúde restabelecida, contrariando o que seria o desfecho ideal para os interesses da família Brandão: sua morte. O caso segue em investigação e revela um cenário alarmante sobre o uso do sistema público para fins políticos e pessoais.
A sociedade espera que, mais do que a revelação desses casos horrorosos encabeçados pelo grupo Brandão, haja o devido esclarecimento e que todos os envolvidos nos crimes sejam penalizados, inclusive os integrantes da família Brandão. Espera-se também que a OAB, os direitos humanos e outras entidades e órgãos competentes voltem os olhos para a situação do sistema prisional do Maranhão, onde é comum que presos, após ingressarem nas unidades, em pouco tempo apresentem quadro de saúde fragilizado, em decorrência de condutas semelhantes às sofridas por Gilbson Júnior.