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Excesso de peso entre crianças e adolescentes cresce no Maranhão nos últimos dez anos

Ilustrativo

Dados recentes do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), em parceria com a organização ImpulsoGov e o Ministério da Saúde, apontam um aumento expressivo no percentual de crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos com excesso de peso no Maranhão. O índice, que era de 18% em 2014, passou para 23% em 2024, revelando uma tendência preocupante no estado.

Embora o Maranhão registre o menor aumento percentual do Nordeste, o crescimento acompanha a tendência nacional, onde um em cada três jovens apresenta sobrepeso ou obesidade. Entre os estados nordestinos, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia lideram o ranking com as maiores taxas.

Situação em São Luís

Na capital maranhense, São Luís, o crescimento foi ainda mais expressivo. O índice de crianças e adolescentes com excesso de peso saltou de 20% para 25,1% na última década. Em números absolutos, o total de jovens diagnosticados passou de 3.769, em 2014, para 10.257, em 2024.

Especialistas alertam que o excesso de peso na adolescência está diretamente ligado ao risco de desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e AVC — algumas das principais causas de morte no Brasil.

Alimentação e sedentarismo como causas

O estudo relaciona o aumento da obesidade infantojuvenil ao alto consumo de alimentos ultraprocessados, como macarrão instantâneo, biscoitos recheados, salgadinhos, embutidos e bebidas adoçadas, que têm se tornado frequentes na dieta de crianças e adolescentes.

Segundo a endocrinologista Maria Fernanda Barca, membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), os hábitos alimentares das famílias influenciam diretamente a alimentação das crianças. “A rotina alimentar dos adultos, com preferência por produtos ultracalóricos e de fácil preparo, é um reflexo na alimentação dos jovens”, afirma.

A pesquisa também destaca o sedentarismo como fator agravante. O tempo excessivo diante das telas e a falta de atividades físicas, especialmente nas grandes cidades, reduzem a mobilidade das crianças e contribuem para o avanço da obesidade.

Queda entre crianças menores de 5 anos

Na contramão da tendência observada entre os adolescentes, o Maranhão registrou uma queda no índice de excesso de peso em crianças de até 5 anos. O percentual caiu de 18% para 14% entre 2014 e 2024, acompanhando uma leve redução no risco de sobrepeso, que passou de 33% para 30% no mesmo período.

Apesar desse recuo entre os mais jovens, os especialistas alertam que é preciso ampliar políticas públicas de saúde, nutrição e incentivo à atividade física para combater o avanço da obesidade entre as faixas etárias mais vulneráveis.

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