Os setores mais atingidos pelas tarifas extras são vestuário e acessórios, que correspondem a 14,6% dos produtos afetados; máquinas e equipamentos, com 11,2%; e produtos têxteis, com 10,4%. Outros segmentos como alimentos, químicos e couro e calçados também enfrentam dificuldades decorrentes dessas medidas protecionistas.
Constanza Negri, gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, ressalta que o aumento dessas tarifas pode gerar um impacto significativo no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, estimado em cerca de R$ 20 bilhões, além da perda de aproximadamente 30 mil empregos na indústria.
O estudo utilizou dados detalhados da United States International Trade Commission (USITC) e os códigos tarifários americanos para mapear precisamente os produtos brasileiros afetados pelas diferentes ordens executivas emitidas nos últimos anos.
Para minimizar os efeitos dessas barreiras, a CNI apresentou ao governo brasileiro uma lista com oito propostas, que incluem linhas de crédito subsidiadas, ampliação do prazo para liquidação de contratos de câmbio, aplicação do direito provisório de exportação a preços inferiores ao valor justo de mercado (dumping), adiamento no pagamento de tributos federais e a reativação do Programa Seguro-Emprego (PSE). O objetivo é preservar a capacidade exportadora das empresas brasileiras e garantir a continuidade das operações internacionais diante da crescente incerteza.
José Velloso, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), destaca a importância das medidas emergenciais do governo, comparando-as às adotadas durante a pandemia de covid-19. “Essas ações são fundamentais para oferecer fôlego às empresas, abrangendo capital de giro, crédito e questões tributárias e trabalhistas”, afirmou. O setor de máquinas e equipamentos, que representa cerca de 20% dos US$ 18 bilhões em produtos brasileiros afetados, ainda enfrenta tarifas de até 50%, apesar de algumas isenções para produtos destinados à aviação civil.