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Prefeitura de Pinheiro lança licitação de R$ 819 mil para serviços funerários enquanto saúde pública enfrenta colapso

Prefeito de Pinheiro, André da Ralpnet

Enquanto moradores de Pinheiro, interior do Maranhão sofrem para conseguir atendimento básico de saúde, a prefeitura do município, sob a gestão de André da Ralpnet (União Brasil), lançou um processo licitatório de R$ 819.059,80 voltado à contratação de serviços funerários por um período de 12 meses. O edital contempla desde fornecimento de urnas mortuárias até translado de corpos e ornamentação de capelas.

Ao todo, estão previstos 1.216 atendimentos funerários ao longo de um ano, média superior a três por dia. O documento inclui a aquisição de 280 caixões para adultos, 60 para crianças e 60 para natimortos, além de serviços como tanatopraxia, locação de capelas, confecção de placas, fornecimento de coroas de flores, roupas fúnebres e transporte para acompanhantes.

Apesar da robustez dos números, o edital não apresenta estudos técnicos, dados estatísticos, nem critérios objetivos de acesso aos serviços. A ausência de justificativas levanta questionamentos sobre o planejamento e a real necessidade da contratação.

O contraste com a realidade da saúde pública em Pinheiro tem gerado críticas. A população enfrenta filas, falta de médicos, estrutura precária e carência de medicamentos nos postos de atendimento. Para muitos, a licitação revela uma prioridade invertida da administração municipal, que investe recursos vultosos em serviços funerários enquanto a estrutura para salvar vidas segue desassistida.

A legalidade do processo licitatório não está em debate, mas a sua oportunidade e pertinência num cenário de crise sanitária têm sido duramente questionadas por moradores, lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil.

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