Durante evento em Salgueiro (PE), nesta quarta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar seu antecessor, Jair Bolsonaro, tentando desviar o foco do cenário preocupante que se desenha em seu próprio governo. Em meio a uma gestão marcada por inflação alta, desorganização fiscal e promessas não cumpridas, Lula apelou para o discurso de campanha, culpando os últimos seis anos pelos problemas do país — sem reconhecer sua parcela de responsabilidade.
Lula afirmou que o Brasil “não pode mais sofrer o retrocesso dos últimos seis anos”, ignorando que três desses anos fazem parte de sua atual gestão, marcada por estagnação econômica, insegurança jurídica e queda na confiança do mercado. “A gente não pode votar em qualquer tranqueira para governar esse país”, disse o presidente, num ataque velado a Bolsonaro — mas que, para muitos, acaba soando como autocrítica diante da condução errática do seu terceiro mandato.
Ainda acusou o ex-presidente de mentiras e uso de fake news, embora seu próprio governo venha sendo questionado por distorções de dados, promessas eleitoreiras e uma retórica que ignora a realidade enfrentada por milhões de brasileiros.
O discurso foi feito durante cerimônia de assinatura da ordem de serviço para a duplicação da capacidade de bombeamento de água do eixo norte da transposição do Rio São Francisco — uma obra iniciada e impulsionada em grande parte por governos anteriores, incluindo o de Bolsonaro, mas que Lula tenta agora capitalizar politicamente.
Com quase 80 anos, Lula já sinaliza sua intenção de disputar um quarto mandato em 2026, mesmo diante da crescente insatisfação popular e do desgaste político de sua imagem. A fala reforça o tom de campanha antecipada e o receio de enfrentar novamente Bolsonaro, que segue como figura forte da oposição.