O governo federal anunciou e voltou atrás, em menos de 24 horas, na decisão de elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para remessas ao exterior voltadas a investimentos. Inicialmente, a alíquota subiria de 1,1% para 3,5%, mas a proposta foi revertida após reações de agentes do mercado e preocupações políticas.
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o recuo foi motivado por alertas de operadores financeiros, que consideraram a medida potencialmente danosa à confiança do investidor e à imagem da política econômica. No entanto, fontes do governo indicam que fatores comunicacionais também pesaram.
Antes de anunciar a mudança de rumo, Haddad consultou Sidônio Palmeira, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. A recomendação foi clara: a revogação deveria ser imediata para evitar desgaste público. A orientação foi seguida à risca.
Nos bastidores, havia um temor não declarado oficialmente: o impacto de um possível vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), conhecido por viralizar nas redes com críticas incisivas ao governo. Sua atuação digital já havia gerado embaraços recentes ao Planalto. Um vídeo sobre o monitoramento do Pix, publicado por Nikolas, ultrapassou 300 milhões de visualizações no Instagram. Outro, sobre problemas no INSS, alcançou 137 milhões de visualizações.
A influência digital do parlamentar — ainda que polarizadora — tem se mostrado uma variável relevante no cálculo político do governo. A repercussão de suas publicações pode amplificar o desgaste de determinadas medidas e, por vezes, se antecipa ao debate institucional, moldando a agenda pública antes mesmo da oposição formal se manifestar.
Em resposta à especulação de que o governo teria recuado por receio de sua reação, Nikolas Ferreira ironizou: “O medo não tem que ser de mim e sim de acabar com o país prejudicando cada vez mais os brasileiros”, escreveu em seu perfil na plataforma X (antigo Twitter).
O episódio reforça uma dinâmica crescente na política brasileira: a influência direta de figuras com forte presença digital sobre decisões de Estado. Em tempos de redes sociais, a viralização de uma crítica pode ser tão ou mais impactante do que a oposição legislativa tradicional.