O Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), referência em alta complexidade em saúde no Maranhão, realizou a segunda captação múltipla de órgãos de 2025. O procedimento ocorreu na última quarta-feira (12) e resultou na captação de fígado, rins e córneas. A ação reforça a importância da doação de órgãos e o compromisso do Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), com a ampliação dos transplantes no estado.
A doadora recebeu toda a assistência médica em uma unidade da rede estadual de saúde, onde o protocolo de morte encefálica foi concluído. A família, de origem indígena, sensibilizou-se com a causa e autorizou a doação — um gesto de amor que transformou a dor da perda em esperança para outras crianças. Os rins foram encaminhados para um paciente infantil em Pernambuco, enquanto as córneas foram destinadas ao banco de olhos, possibilitando que duas crianças saíssem da fila de espera.
O cirurgião do aparelho digestivo e especialista em transplantes de órgãos, Romerito Neiva, responsável pelo procedimento, destacou a singularidade do caso. “Dessa vez, foi um quadro especial, por se tratar de um paciente infantil. Todo o procedimento durou cerca de três horas. Seguimos o protocolo internacional e, aos poucos, temos mais uma estrutura hospitalar, desta vez de gestão estadual, com toda essa expertise. O HCM é um hospital acreditado e, cada vez mais, consegue realizar procedimentos de alta complexidade como esse”, explicou o médico.
“Graças ao acolhimento familiar da Organização de Procura de Órgãos do Hospital Carlos Macieira e da equipe de Terapia Intensiva do Hospital Dr. Juvêncio Mattos, a família foi favorável à doação, o que não é comum em algumas comunidades indígenas devido a restrições culturais”, afirmou o coordenador da Central Estadual de Transplantes (CET), Hiago Sousa.
O procedimento só foi possível devido à autorização do Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 2.363, que permitiu ao hospital realizar transplantes de fígado e rim. Essa autorização ampliou a capacidade do estado em atender pacientes que aguardam por transplantes, reduzindo o tempo de espera e aumentando as chances de salvar vidas.
Segundo dados da Central de Transplantes do Maranhão (CET), o estado registrou um aumento de 177% no número de transplantes realizados em 2024, em comparação com 2022. Esse crescimento é resultado do Plano de Aceleração de Transplantes e do trabalho integrado entre equipes médicas, a Organização de Procura de Órgãos (OPO) e a Central de Transplantes.
OPO — Organização de Procura de Órgãos
A Organização de Procura de Órgãos (OPO) exerce atividades essenciais no sistema de transplantes, atuando na identificação, manutenção e captação de potenciais doadores. Ela trabalha desde a busca e notificação de óbitos até o acompanhamento de protocolos de morte encefálica e a entrevista familiar para autorização da doação.
No caso da captação realizada no HCM, a OPO da instituição, que atua em conjunto com a CET, desempenhou um papel fundamental na realização do procedimento. “É um processo complexo e desafiador, mas necessário. Precisamos respeitar esse momento de dor da família, oferecer conforto e reconhecer que, em meio a tanta tristeza, outras crianças serão ajudadas. O pai da doadora até nos enviou uma mensagem de agradecimento pelo acolhimento recebido, o que mostra a relevância do nosso trabalho”, disse a coordenadora da OPO do HCM, Anne Aquino.