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Número de beneficiários supera total de domicílios em 10 cidades; Serrano do Maranhão está na lista

Um levantamento com dados públicos de janeiro de 2025 aponta uma possível inconsistência no Bolsa Família: em pelo menos 10 municípios brasileiros, o número de beneficiários do programa social supera o total de domicílios registrados. Especialistas afirmam que a situação pode indicar concessões indevidas do benefício.

De acordo com as regras do Bolsa Família, apenas um representante da família pode ser titular do programa, seja homem ou mulher, e não é permitido que um mesmo núcleo receba o auxílio mais de uma vez. Em alguns casos, mais de uma família pode residir no mesmo endereço, o que poderia justificar parte da discrepância.

Divergências no Maranhão

O caso mais emblemático ocorre em Serrano, no Maranhão. A prefeita Val Cunha (PL) atribui a distorção a um erro no Censo de 2022, alegando que o levantamento subestimou o número de residências na cidade. Já o procurador municipal, Rômulo Emanuel da Silva, aponta falhas na delimitação territorial: segundo ele, o povoado de Santa Filomena, com cerca de 200 habitantes, foi erroneamente vinculado ao município vizinho de Santa Helena. Além disso, afirma que no povoado de Boa Esperança, onde vivem 800 pessoas, os recenseadores sequer compareceram.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo, nega as acusações e reforça que as duas áreas foram devidamente mapeadas. O órgão também destaca que a Comunidade Quilombola Santa Filomena, mencionada pelo procurador, pertence oficialmente ao município vizinho.

Além de Serrano, outros municípios maranhenses, como Cachoeira Grande e Pedro do Rosário, enfrentam a mesma situação, com mais beneficiários do Bolsa Família do que domicílios registrados.

Governo se posiciona

O Ministério do Desenvolvimento Social atribui as diferenças ao crescimento populacional desde o último Censo. A pasta explica que, enquanto o IBGE faz a contagem de residências, o Cadastro Único – base de dados usada para conceder o benefício – tem atualizações mais frequentes sobre as condições de vida das famílias.

“Em algumas localidades mais vulneráveis, é comum que mais de uma família resida no mesmo domicílio. Esse cenário é classificado no Cadastro Único como ‘famílias conviventes’”, afirmou o ministério em nota.

Enquanto o governo reforça a legalidade da distribuição dos benefícios, especialistas alertam para a necessidade de auditorias mais rigorosas a fim de garantir que o auxílio alcance, de fato, quem realmente precisa. (Com informações do site Poder 360)

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