Chegou as minhas mãos um livro muito instigante. É de autoria de Zeina Latif e o título é “Nós do Brasil” – Nossa Herança e Nossas Escolhas. Colunista respeitada ela é doutora em Economia pela USP. E tem muita experiência que adquiriu passando por várias instituições financeiras, como a XP, onde foi
economista-chefe, e é sócia da Gibraltar Consulting Economia.
Vamos a alguns trechos do livro: O Brasil teve um modesto ritmo de crescimento, a taxa média de crescimento de renda per capita desde 1900 até 2019 foi de 2% ao ano, uma cifra muito modesta, insuficiente para tirar o nosso atraso histórico. Mas, nas últimas décadas foi ainda pior, pois a taxa média de crescimento foi apenas de 1% ao ano, nos deixando mais distantes de países do mesmo porte.
O crescimento da renda não pode ser lento a ponto de inviabilizar a prosperidade e a inclusão social. E ela ressalta que a própria desigualdade de oportunidades prejudica o crescimento econômico ao frear a acumulação de capital humano. A juventude precisa de perspectivas, e o Brasil perde talentos e só vê crescer a porcentagem de jovens desalentados- sem contar com os problemas de violência e degradação ambiental.
No final dos anos 1950 e início dos 1960, ganhou impulso na pesquisa acadêmica mundial o debate acerca da importância do capital humano ou da formação e qualidade da mão de obra para o crescimento. O elevado custo-Brasil que é alimentado por um sistema tributário disfuncional, por uma infraestrutura deficitária, por reduzido capital humano e pela insegurança jurídica, em alguma medida origina-se da das próprias políticas
voltada para favorecer setores e segmentos da sociedade, em detrimento da grande maioria.
Ela identifica qual foi o pecado original que nos levou a essa situação e afirma que foi o de negligenciar a educação. Foi aí que se agravou a formação de um dos principais pilares do crescimento que é a formação do capital humano, que hoje é um dos principais componentes do custo-Brasil, que prejudica a nossa renda per capita e nosso desenvolvimento.
E é isso que as Casa de Esperanças, projeto pioneiro, completo, complexo, importantíssimo, pretende fazer com o máximo de qualidade permitida pelas circunstâncias: a formação de capital humano com máxima qualidade, desta vez com foco nas famílias pobres e muito pobres, com máxima eficiência pois tudo começa com crianças de zero a seis anos, junto com a formação de seu cérebro, portanto da maneira mais eficaz possível. Todos os que passaram pelos projetos de James Heckman tiveram uma enorme ascensão na vida, descolando da pobreza original. Não é uma experiência, é uma certeza.
O Maranhão perde muitas oportunidades de atrair empresas de tecnologia ou que trabalham com inovação ou sistemas mais complexos por falta de capital humano. É disso que se trata, é do bem mais valioso de uma sociedade.
O governo de Carlos Brandão já iniciou essa nova trajetória no nosso desenvolvimento ao encaminhar a Assembleia uma Medida Provisória criando esse programa libertador. Assim dos 4 entraves ao nosso desenvolvimento, que formam o custo –Brasil, o Maranhão já sai forte na frente com um programa vigoroso
nesse sentido. E caminhamos céleres para resolver um outro, incluído entre eles, muito importante, que é a infraestrutura deficitária. Um dos maiores projetos do País de infraestrutura e que tem poder de modernizar toda a infraestrutura do Arco Norte, região maior produtora do País, é um projeto de uma empresa maranhense composto por um Porto muito profundo em Alcântara, uma ferrovia ligando esse porto a Ferrovia Norte
Sul em Açailândia e a própria Ferrovia Norte Sul que é o maior eixo de transporte ferroviário brasileiro. Esse projeto libertador deve ser iniciado no governo de Carlos Brandão e fere de morte o custo Brasil. É o Maranhão cumprindo o seu destino de ser um grande estado, voltando as suas origens, quando junto com São Paulo éramos os maiores exportadores do Brasil e estados mais ricos. Vamos retomar essa trilha que falhou no nosso estado por não possuir capital humano adequado. Nós não cairemos mais no mesmo erro.
Eu estou acostumado a enfrentar todas as dificuldades que se apresentam quando se tenta mudar um caminho estabelecido que só beneficia minorias encasteladas no poder. Sei que não é fácil enfrenta-las, mas nada é impossível. Foi assim com a Ferrovia Norte Sul, com a Transposição de Águas do São Francisco para o Nordeste Semiárido, para citar só os mais.
Quando fui governador, formei uma equipe que poderia brilhar em qualquer ministério do país. E veja o que conseguimos, em matéria da época: “IPEA comprova que redução da pobreza no Maranhão durante o governo Zé Reinaldo.
Os índices de pobreza no Maranhão foram reduzidos durante os anos em que Zé Reinaldo governou o estado. É o que constata o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), em estudo publicado pela instituição, comprovando que o período de 2003 a 2008 registrou a mais intensa redução da pobreza absoluta e
extrema no Estado. Em 1995 o Maranhão tinha a maior taxa de pobreza absoluta -77,8%- seguido pelo Piauí-75,7- e Ceará com- 70,3%- No período entre 2001 e 2006, o Maranhão ficou entre os três estados da Federação com maior crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) per capita: Tocantins (9,2%), Distrito
Federal (6,5%) e Maranhão (6,2%). Os números são resultado do cumprimento da meta do governo Zé Reinaldo de aumento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que significa melhorar as condições de vida e proporcionar dignidade aos maranhenses. Programas sociais que instalavam água nas moradias, unidades
sanitárias, incentivos aos trabalhadores rurais, luta pela aprovação do PRODIM, Projeto de Combate a Pobreza Rural, fizeram com que o Maranhão deixasse de ser o estado mais pobre do Brasil.” Matéria da época que me trouxe boasrecordações.
Mas, para isso fizemos o equilíbrio fiscal, acabamos com os restos a pagar, moralizamos o orçamento do estado, o empenho era centralizado e ninguém podia, nem que quisesse, gastar mais que o teto que lhe era atribuído.
Mas para isso contei com excelentes quadros como Simão Cirineu, Azzoline, Lemos, Conceição Andrade, Ney Belo, Luís Fernando, Arnaldo Melo, entre tantos valorosos quadros de capital humano de alta qualidade.
Não me lembro que algum outro governo tenha conseguido números tão altos, e que desse uma contribuição tão grande ao Maranhão. O governo de José Sarney foi um excelente governo, mas não conheço os números, difíceis de obter, na época.
Mas, o governo de Brandão tem tudo para ser ainda melhor. Luto por isso, o Maranhão precisa disso.