Os problemas de pobreza no estado são grandes e precisam ser enfrentados organicamente, além do assistencialismo tão necessário no presente. Temos que ir além, muito além, com base na educação, sim, mas não apenas com ela, é preciso cuidar dessas famílias para que seus filhos se sintam seguros e confiantes para seguir em frente na vida e “vencer na vida”, como comumente se diz. Ou seja, alcançar o ensino superior ou técnico, seja qual for de acordo com suas tendências, e que não haja barreiras para alcança-las, nenhuma.
As pessoas não percebem que a quantidade de famílias muito pobres crescerá sempre, porque se seus filhos não forem ajudados certamente formaram mais famílias pobres e assim a pobreza crescerá sempre.
O Brasil já tem consciência disso, se preocupa muito com isso, fala sempre que a saída é a educação, mas acho que no estágio atual é insuficiente, ouso dizer, amparado pelo que preconiza o professor de economia da Universidade de Chicago, James Heckman. Pelos seus trabalhos recebeu o Prêmio Nobel de Economia, além de ser um matemático e Doutor em Desenvolvimento Humano, é Chefe do Departamento de Economia da Universidade de Chicago. Portanto digno de toda a credibilidade em seus ensinamentos.
Ele veio fazer uma palestra no Brasil há vários anos atrás e deu longas entrevistas que li muito interessado, pois achei que ali estava a saída para a região pobre do país e para a periferia das grandes cidades. O título de sua palestra foi: “Porque ajudar as crianças pobres de 0 a 6 anos, muda o Brasil”.
Conversei muito com Alckmin, atualmente eleito vice-presidente do país, na época governador de São Paulo que fez algumas experiências em São Paulo, e como médico, acreditava muito nas palavras de Heckman. Conversei muito com o PSDB, partido que filiei a convite de Alckmin, encontrei alguns apoios mas não do partido todo, basicamente um partido do sudeste mais rico.
Por todos esses anos estudei como fazer. Eu e Luiz Fernando, um homem preparado, além de gestor e educador, chegamos a levar ao Alkmin nossas primeiras ideias e nunca deixamos de conversar sobre isso. Agora, no governo, com total apoio de outro grande secretário do governo, da Fazenda, Marcellus Alves, que após muitas conversas sobre o projeto ele conseguiu aprovar no CONFAZ, reunião deliberativa com todos os secretários de fazenda do Brasil, incentivos fiscais de 1% da receita estadual, junto com parte da receita da Loteria Estadual para as Casas de Esperanças, a casa que vai cuidar das crianças e da mãe das famílias muito pobres.
Agora poderei levar ao governador, o projeto completo, com tudo estudado, projeto arquitetônico e estrutural, apoio do Sindicato da Construção Civil, projeto completo de tudo que a Casa irá oferecer e para mudar a realidade de pobreza e de desigualdade social do estado.
O governador é um grande entusiasta do projeto, nos deu todas as condições para preparar uma proposta exequível, e certamente vai ter a primazia de receber James Heckman aqui para visitar o nosso projeto piloto que será no Gapara, no Itaqui-Bacanga, em área que estamos em tratativas com a Vale, proprietária do terreno, mas, antes, iremos debater com a comunidade do local para ter a completa adesão ao projeto assim como fidelidade a ele. Pesquisa do CEUMA mostrou as enormes dificuldades que enfrenta uma mulher pobre para fazer seus exames pré-natais, que nem sempre conseguem fazer completo. Isso prejudica a mãe e a criança e a dificuldade de ter uma alimentação apropriada a ela nessa fase, o que leva a bebes desnutridos, assim como na fase avançada da gravidez quase sempre essas mães são acometidas de depressão preocupadas com o marido e a família, até mesmo para se alimentarem. Esse conhecimento nos leva a ter um serviço médico próprio nas Casas para cuidar das mães e das crianças até o seis anos permitindo uma infância saudável em que possam se desenvolver com todo o tipo de atividade que leva ao desenvolvimento cognitivo da criança até os seis anos. Leitura, conversação, visitação a locais interessantes para elas, acesso a computadores, a inovação, esporte, cultura, alfabetização, orientação para a vida, como funcionam as coisas em sociedade, e tudo o que puder preparar a criança para “vencer na vida”.
Mas as mães vão ser apoiadas elas precisam frequentar as Casas, aprender profissões e para isso estamos acertando uma parceria com o Senai, que tem um serviço fantástico de aprendizado para as mulheres como padarias, vestuário e outros, isso prepara não só o futuro da família mas o presente também. Comi por exemplo um pão feito lá pelas moças e senhoras aprendizes, no SENAI, muito bom e gostoso.
Nas casas, que ocuparão um hectare, haverá um espaço para um restaurante popular, para tranquilizar as mulheres sobre a alimentação dos maridos e filhos, que como vimos leva a depressão dessas mães carentes. Será no terreno das Casas mas não fará parte do programa.
A todos a que mostrei esse projeto vi que ele desperta uma empatia completa. Tanto empresários e políticos a reação é a mesma.
O governo de Brandão vai fazer um gol de placa digno de um Pelé. Minha dileta amiga Ceres, grande intelectual, e que no meu governo fez o fantástico projeto Saúde na Escola, é a Gestora do programa.
Vamos mudar o Maranhão!