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A dura realidade de um país que regride

José Reinaldo Tavares, ex-governador e Secretário de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos (Sedepe). Foto: reprodução

Uma matéria no jornal O Globo, de domingo passado, me chamou a atenção. O título da matéria é “O preço do Retrocesso” e o subtítulo “Indicadores econômicos e sociais regridem até três décadas e comprometem o desenvolvimento”. O meu intuito não é culpar esse ou aquele governo, mesmo porque a queda se desenrolou em durante vários governos e foi agravada por uma pandemia. Mas, temos que reagir imediatamente e não se vê nenhuma tentativa séria nesse sentido.

Essa volta ao passado se deu na economia, na educação e no meio ambiente com os indicadores iguais aos de 30 anos atrás. Nos últimos dois anos, esse processo de desmonte de políticas públicas ganhou velocidade e acelerou um processo de retrocesso social. Hoje, temos entre nós o que havia ficado no passado como a fome, a pobreza, a evasão escolar, o desmatamento, a inflação e tudo isso ameaça o desenvolvimento nacional  – alertam especialistas. A produção de bem de consumo durável (carros e eletrodomésticos) está igual à de 18 anos atrás. O Produto Interno Bruto (PIB) de hoje é equivalente ao de 2013. A economista Silvia Matos, coordenadora técnica da Fundação Getúlio Vargas (FGV) calculou que, somente em 2029, vamos voltar ao maior valor do PIB per capita, de 44 mil, atingido em 2013, considerando a média do crescimento dos últimos anos do país. 

Vamos conviver com menos crescimento, inflação difícil de combater, mais juros e um mundo desequilibrado – prevê. 

A fome agora atinge 33 milhões de pessoas, mesmo número de 1992. Quando o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU, em 2014, eram 9,5 milhões nessa situação.

Na educação, as crianças perderam muito. A evasão escolar, na faixa de 5 a 9 anos, está igual a de 2012, diz Marcelo Nery, diretor da FGV Social. Isso depois de grandes progressos nos últimos 40 anos – acrescenta. O nível de aprendizado de Matemática voltou a 2007 e o de Português a 2011.

No Meio Ambiente, voltou-se ao passado de desmatamento crescente. Saímos de uma área desmatada de 4.571 Km² em 2012 para 13.235 Km² em 2021. Um horror. 

Vejamos como o país regrediu em todas as áreas:

PIB recua ao nível de 2013. Inflação alcança patamar de 2003. Proporção de Brasileiros na pobreza é a de 2010. Brasil volta ao Mapa da fome com índices de 1992. Produção da indústria remonta a 2009. Evasão Escolar, entre 5 e 9 anos, está no nível de 2006. Desmatamento supera registros de 2008. Consumo das famílias cai para patamar de 2015. 

Uma tragédia, mas é essa, a situação em que se encontra o nosso país, hoje. 

Temos que voltar o que já fomos e nada é mais urgente do que isso. 

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