Nova Humanidade
Não se pode negar que o homem do presente século anela, sonha com uma nova humanidade, é isso que vemos nos roteiros dos filmes de Hollywood e outras produções, destarte, desde o momento em que o homem surge no planeta busca algo que possa plasmar sua existência própria com o objetivo de lhe modelar para viver em uma sociedade melhor.
Historicamente, se analisarmos o homem primitivo, as sociedades antigas, comparando-as com a do momento, podemos perceber que a busca pela nova humanidade ainda é utópica, não se concretizou, essa assertiva pode ser vista no modelo e estilo de vida que a humanidade contemporânea se apresenta.
O retrato que se tem da humanidade atual finca-se em diversas formas, ela apresenta-se como instável, mutável, é vertiginosa em sua essência. Mesmo com o avanço da ciência, educação, o homem de hoje se vê inseguro, incerto, a cada dia algo novo surge, seja uma mudança ocasionada por uma descoberta científica ou um novo modelo de educação, por exemplo.
Houve uma metamorfose geral com a vinda do Iluminismo, do Renascimento, mas outra vez se percebe que naqueles dias a humanidade teve certo crescimento, no entanto, por outro lado a colocou em certo nível de ceticismo, pois ela na sua maioria tornou-se antidogmática, estando propensa a contrariar e não aceitar afirmações e verdades que não fossem compreendidas, verificadas, experimentadas, de modo que o que era tradicionalmente aceito passou a ser questionável. Não se pode negar que hoje a humanidade está mais cética e faz rejeição aos valores morais e espirituais. Cresce o que é denominado de secularização, isto é, um desprezo a Deus e a religião, essa postura abre o espaço para o crescimento do ateísmo.
Na sua peregrinação, a humanidade busca sua estabilidade no ativismo, acredita que pela ação, pelo fazer, produzir, trabalhar, correr, agitar-se, pode alcançar seu ápice, porém, o retrato que se tem é de uma humanidade angustiante, sem reflexão, sem o prazer pela vida, contemplação, sem interesse por muitas coisas da vida, a cada instante aumenta a depressão, o suicídio, diversas síndromes maléficas.
Caminhando na busca por seu real encontro, a humanidade de hoje é utópica, crê que pelo tecnicismo, intelectualidade, ciência, poderá encontrar a real essência da vida, o melhor futuro, a felicidade plena. Por fim, podemos salientar duas coisas em que a humanidade presente se firma: sociedade e historicidade. A primeira volta-se para o seu aspecto econômico, político, moral, nesse particular todos sentem qualquer impacto, pois o homem é um ser sociável. Na segunda concepção, entende-se que o homem moderno não é produto apenas do momento, da cultura, da natureza, mas ele tem “consciência histórica”, de modo que precisa colocar em discussão toda doutrina, as especulações, com o objetivo de se estabilizar no seu tempo, razão pela qual sempre deve estar em constante devir, em movimento..
Apesar de cada modelo apresentado, percebe-se que a humanidade do presente século encontra-se desorientada, insegura, fria de amor, de Deus, da fé, ela não tem referência, parâmetros que possam lhe conceder firmeza. A humanidade atual desprezou a fé em Deus, a religião, os pilares principais para sua estrutura humana. Ela não sabe mais fazer diferença entre o bem e o mal, o falso e o verdadeiro, o certo e o errado, o belo e o feio, o que é útil e o que é supérfluo.
Vazio, insegurança, medo, é o que caracteriza a humanidade de agora, e tudo piorou ainda mais com o desprezo de algumas certezas, dos modelos familiares, da moralidade que existia, dos valores que foram formados ao longo do tempo. Na sua existência histórica a humanidade foi assassinando os bons costumes, valores, de modo que hoje se encontra periclitante, perdida em um labirinto .
Diante do exposto pergunto: como podemos plasmar a nova humanidade, visto que nem a mutabilidade, antidogmatismo, secularização, ativismo, utopia, sociabilidade, historicidade, puderam transformá-la? A mudança só é possível pelo transformar da consciência, uma renovação interior, a busca de Deus, e não de sistema político ou de meras filosofias. Paulo foi incisivo quando afirmou que não se deve conformar com este século (Rm 12.2). Antes que o homem tente transformar o mundo, ele precisa ser transformado, isso só é possível mediante o agir do Eu Divino (Gl 2.10).
Pr. Osiel Gomes