Adormecido por décadas, o vulcão começou a dar sinais de atividade moderada desde o último sábado (11), segundo o Plano Especial de Proteção Civil e Atenção às Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca). O nível de alerta amarelo é o segundo dos quatro existentes para medir o risco de erupção.
A Rede Geodésica Canária, operada pelo Instituto Volcanológico das Canárias (Envolcan), registrou atividades que classificou como “uma mudança significativa” no local.
No entanto, o pesquisador do Departamento de Geologia da Univerdidade Federal do Ceará (UFC), Afonso Rodrigues, explica que as chances de a possível erupção causar um tsunami que atinja o Brasil são baixas.
“É muito pouco provável que isso aconteça. A distância é muito grande e o vulcão é muito pequeno. É provável que a gente tenha vulcanismos, mas vulcanismo, mesmo em ilhas oceânicas, não significa dizer que possa causar tsunami, muito menos que possa ser de magnitude suficiente para alcançar o litoral brasileiro”, esclarece.
Segundo o especialista, mesmo que houvesse uma erupção grande o bastante para provocar o fenômeno, ele teria que viajar quase 5 mil quilômetros pelo Oceano Atlântico para chegar ao litoral do país.
“Essa distância é muito grande. Além do que ele teria que cortar as correntes marinhas que temos na linha Equador. É muito, muito improvável que o vulcão possa produzir algo tão significativo que traga preocupação para o povo do Nordeste [e do Brasil]”, frisa.
ATIVIDADE SÍSMICA
A Rede Sísmica Canária, vinculada ao Envolcan, registrou cerca de 1.100 mil abalos sísmicos na área, entre sábado e esta quinta-feira (16). Conforme explica o pesquisador, esse é um fenômeno comum gerado pela atividade vulcânica.
“É natural. Quando a gente tem vulcanismo no Havaí, por exemplo, normalmente eles estão acompanhados de abalos sísmicos”.
O tremor mais forte registrado no período atingiu magnitude 3,4 na escala Richter, algo considerado baixo, por Afonso Rodrigues. “É um abalo pequeno. A gente só começa a se preocupar a partir de 5, 6, 7 pontos”.
O epicentro dos sismos registrados na ilha de La Palma se encontra sob o vulcão, geralmente entre 9 e 12 quilômetros de profundidade, segundo informações da rede sísmica.