Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (29) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), apontou que 244.307 mil crianças e adolescentes com idades 6 e 17 anos não tiveram acesso aos estudos em 2020 no Maranhão.
O levantamento foi feito em parceria com o Cenpec Educação. O número representa 15,8% do total da população nesta faixa etária que vive no estado, que é de 1.549.489.
Entre os estados do Nordeste, o Maranhão aparece na quarta posição no ranking dos que registraram as maiores taxas de exclusão escolar. Nas três primeiras posições aparecem a Bahia (30,7%), Rio Grande do Norte (24,9%) e Sergipe (21,4%).
O estudo também divulgou os dados de 2019, período pré-pandemia. No Maranhão, 49.370 jovens entre 4 e 17 ficaram fora da escola.
5 milhões sem aulas
No Brasil, mais de 5 milhões de crianças e adolescentes ficaram sem acesso aos estudos no fim de 2020. Entre elas, quatro em cada dez tinham de 6 a 10 anos. Segundo a entidade, esta faixa etária é a mais afetada pela exclusão escolar, como mostra o gráfico abaixo.
Entre elas, 69,3% das crianças de 6 a 10 anos sem escola são pretas, pardas ou indígenas. Antes da pandemia, crianças desta idade sem oportunidades de educação eram exceção. Os dados apontam que, em novembro de 2020, havia 36,9 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Entre eles:
- 35,4 milhões frequentavam a escola
- 31,7 milhões recebia atividades escolares, podendo tê-las realizado ou não
- 3,7 milhões não recebia atividades escolares
- 1,5 milhão não frequentava a escola
Como reverter a exclusão?
Para os especialistas do Unicef, é preciso agir para trazer crianças e adolescentes de volta às escolas e evitar impactos negativos no futuro. Entre algumas das ações recomendadas, estão:
- Busca ativa escolar:
Para as crianças que estão matriculadas e não estão envolvidas nas atividades escolares, é preciso que as escolas montem estratégias para localizá-las e entender os motivos do abandono. Também é necessário formar parcerias entre outros setores, como assistência social, por exemplo, dando apoio para o retorno às salas de aula. O Unicef destaca que desenvolveu uma estratégia de busca ativa escolar para dar apoio a estados e municípios, adaptada à crise da pandemia. As informações são gratuitas e estão disponíveis no site (https://buscaativaescolar.org.br/)
- Campanhas de informação:
Para o Unicef, é preciso também manter pais e responsáveis informados de que a matrícula poderá ocorrer a qualquer momento do ano. A entidade recomenda fazer campanhas em rádios, TVs, e redes sociais, além de encontros em praças e parques, se possível.
- Acesso à internet:
Um levantamento feito pelo Unicef em parceira com a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), divulgado em março, apontou que a falta de acesso à internet e de infraestrutura nas escolas foram os maiores desafios das redes municipais em 2020. Segundo os dados levantados, 48,7% das redes municipais relataram muita dificuldade dos estudantes no acesso à internet para a realização de atividades remotas. Entre os professores, 24,1% também tinham dificuldades de se manterem conectados.