Há 20 anos, Wen resgatou um filhote de cachorro perdido em uma rua da cidade de Chongqing. Desde então, não parou de salvar os animais abandonados. Ela faz isso para protegê-los dos acidentes nas estradas e também da faca de alguns açougueiros.
Embora ter um animal doméstico – considerado algo burguês – já ter sido proibido pelo governo comunista, a tendência se inverteu nos últimos 20 anos. Milhões de chineses agora têm pelo menos um bichinho de estimação, mas ainda há muitos que decidem por abandoná-los.
A China não tem uma lei sobre o bem-estar animal. Segundo a associação AnimalAsia, há dezenas de milhões de cães e gatos abandonados em todo o país, e esses animais não costumam ser castrados – o que aumenta a pressão sobre o sistema de abrigos.
Wen encontra frequentemente novos inquilinos em frente à sua porta e recebe “pedidos de ajuda todos os dias”. Além dos seus 1,3 mil cachorros, a aposentada também aloja centenas de gatos, quatro cavalos, coelhos e pássaros.
De mudança em mudança
Sua jornada começa às quatro da manhã, com a difícil tarefa de retirar entre 20 e 30 baldes de excrementos. Depois, prepara o café da manhã: meia tonelada de comida, que Wen cozinha – ela mesma – em uma enorme bacia.
Cada cômodo de sua nova casa está cheio de gaiolas empilhadas umas sobre as outras. Mas não foi o primeiro abrigo de Wen. Antes, ela morava em uma outra casa, mas foi obrigada a se mudar por conta da pressão dos vizinhos, incomodados com os animais.
A venda de sua casa anterior permitiu o financiamento da atividade, mas ela também pegou um empréstimo de 60 mil iuanes (R$ 45,9 mil) para o novo abrigo – além disso, ela gasta suas economias e seu salário de aposentada como técnica ambiental.
Desde que se tornou conhecida nas redes sociais, Wen passou a receber doações. Ela espera que sua fama incentive as pessoas a adotarem um animal de estimação, embora os recém-chegados continuem superando os que se vão: durante a visita da AFP chegaram mais seis cachorros.
Para ajudá-la, Wen conta com seis funcionários, que dormem no mesmo quarto em que fica a despensa, cheia de sacolas de comida para os animais.
Do G1/Mundo