Sobreviventes e parentes de vítimas de um dos serial killers mais violentos da história dos EUA relataram momentos de terror e as consequências dos crimes de Joseph DeAngelo, o ex-policial que está sendo julgado esta semana em Sacramento, capital da Califórnia.
Ele cometeu quase todos os crimes num espaço de dez anos, entre 1976 e 1986. Por ter sido policial e também ex-militar, ele conseguia cometer seus crimes deixando poucas provas que as técnicas da época poderiam pegar. Só foi preso em abril de 2018 com o avanço dos testes de DNA.
Na audiência de terça-feira (18), as vítimas que sobreviveram e os parentes daquelas que não tiveram chance contaram em detalhes o terror dos ataques de DeAngelo e o impacto que isso causou em suas vidas. Também falaram de como se recuperaram, se uniram e conseguiram seguir em frente todos esses anos.
O primeiro relato foi de Phyllis Henneman, vítima do primeiro estupro que o serial killer confessou ter cometido, em junho de 1976. Como ela faz um tratamento contra o câncer, coube à sua irmã, Karen Veilleux, ler um depoimento por escrito.
“Naquela noite eu fui dormir, sem saber que a minha vida iria mudar para sempre”, leu Karen, segundo o jornal Los Angeles Times. “Mas agora os papéis se inverteram. Ele vai passar o resto de sua vida miserável na cadeia. Eu não sou aquilo que aconteceu comigo, eu sou o que escolhi ser”.
Enquanto o réu ouvia, sem demonstrar reação, ela o questionou. “Eu perguntaria para ele ‘você sente algum remorso pelo que fez comigo? Pelas pessoas cujas vidas você tirou dessa maneira sádica ou pelos anos de sofrimento que deixou para suas vítimas e as famílias? Você finalmente se sente humilhado?”, disse ela.
Outra sobrevivente, Peggy Frink, contou ao júri como ela e a irmã foram violentadas e espancadas dentro da própria casa, em 1976. “Durante um bom tempo doía para pentear o cabelo, de tantas vezes que ele me bateu na cabeça”, relatou a vítima, que disse que ficou com as mãos dormentes por meses por ter sido amarrada com força.
Joseph DeAngelo usava uma máscara de proteção contra o novo coronavírus e assistiu a todos os depoimentos sentado em uma cadeira de rodas, entre dois defensores públicos. Segundo os relatos, em nenhum momento ele olhou na direção das vítimas e seus familiares.
A promotoria tentou mostrar vídeos em que ele aparece praticando atividades físicas e andando normalmente na cadeia, sem nenhum problema de locomoção ou saúde, mas o juiz não permitiu.