A manutenção de pessoas dentro de navios, por vários dias, para mantê-las em quarentena por conta da pandemia de Covid-19, tem aumentado o nível de estresse e piorado a saúde mental de passageiros e tripulantes, levando-os até ao extremo do suicídio.
Esse é o relato de uma ex-tripulante húngara que desembarcou de um navio alemão no início desta semana. Segundo ela, que não quis se identificar, pelo menos quatro pessoas teriam se matado em outras embarcações por conta da situação extrema que estavam passando.
– Alguns [tripulantes] começaram a invadir as cabines, outros estavam brigando. Ninguém sabia o que iria acontecer com eles [passageiros e tripulantes confinados]. Quase não tínhamos informações externas. Mas soubemos que em outros barcos, em quatro dias, quatro pessoas haviam pulado do mar e se suicidado por causa da situação – relatou.
A situação relatada por ela foi vista na prática no último domingo (10), quando uma ucraniana de 39 anos se jogou do navio Regal Princess, perto de Roterdã. Além disso, pessoas a bordo do Navigator of the Seas, encalhados no porto de Miami, entraram em greve de fome para que pudessem voltar para casa.
Em seu relato, a jovem tripulante também criticou a política das empresas de cruzeiro de não repatriar seus funcionários sob a alegação de que os valores são muito altos. De acordo com ela, isso piora a saúde mental de todos.
– É extremamente triste! Essas linhas de cruzeiro preferem economizar dinheiro, explicando que a reserva de passagens aéreas para repatriar funcionários é muito cara. Mas, ao tomar a decisão de mantê-los a bordo, eles arriscam sua saúde mental – completa.