
Em julgamento que se encerrou pouco depois da meia-noite de sexta-feira (22), quatro
pessoas foram condenadas pelo homicídio de Lourenço Gomes dos Santos Júnior, de
30 anos, que era membro da Maçonaria e cujo corpo foi achado enterrado no dia 3 de
agosto de 2016, na zona rural de São Luís. As duas maiores penas saíram para Vagner
Martins Morais e sua esposa, Sílvia Cristina Garcia Bom Tempo.
Segundo o delegado Marcos Affonso Júnior, que presidiu o inquérito policial sobre
esse crime quando era titular do Departamento de Proteção à Pessoa (DPP), da
Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), Vagner recebeu 33 anos
de prisão em regime fechado. Já Sílvia foi condenada a 28 anos de reclusão, também
em regime fechado, pois ambos orquestraram e participaram do sequestro, tortura e
assassinado da vítima.
Os outros dois envolvidos, Diego Martins dos Santos e Antônio Celso Martins Viana,
pegaram 1 ano de prisão, mas cumprirão a pena em liberdade. Os quatro foram
pronunciados a júri popular pelo juiz Gilberto de Moura Lima, titular do 2º Tribunal
do Júri da Comarca de São Luís, no dia 27 de novembro do ano passado. Segundo
Affonso, Sílvia tinha um “caso” com Lourenço, mas dizia a ele que era separada para
atraí-lo até sua casa, a fim de matá-lo.
A vítima foi atraída e levada em seu próprio carro, um Ford Fiesta azul, de placa JUO-
2450, até a “Mata da Ribeira”, na região do Maracanã, às margens da BR-135, onde
sua cova já estava aberta há três dias por Antônio Celso e Diego Martins, primo de
Vagner. Este, ao descobrir que Lourenço tinha saído com Sílvia e também com uma
namorada dele, Débora de Jesus Sardinha dos Santos, ligou para o membro da
Maçonaria, ameaçando-o. No entanto, ele não se intimidou que afirmou que não tinha
medo. A resposta de Gomes foi a sentença de morte dele.
No Maracanã, em um local tomado pelo mato, o maçom foi amarrado e torturado antes
de ser executado com facadas no pescoço. Desse modo, os envolvidos foram
sentenciados por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver.
O crime
Como consta no inquérito policial, a esposa da vítima acionou a polícia no dia 3 de
março de 2018, após o marido não ter dado notícia desde o dia anterior, pois Lourenço
saiu do trabalho, por volta das 19h, informando, via telefone, que iria à Loja Maçônica
do bairro do Vinhais e que depois se deslocaria a uma partida de futebol. A partir dali,
desapareceu.
Mas, como a equipe de investigação do delegado Marcos Affonso descobriu, naquela
noite, o maçom recebeu ligações de Sílvia Cristina, a partir de um número de celular
registrado em nome de Debora de Jesus Sardinha. A quebra de sigilo de dados
comprovou que tanto Gomes como a acusada estiveram no bairro do Maracanã, o que
indicou que ele foi ao encontro dela.
Vagner, àquela altura, havia aconselhado Diego a matar Lourenço, afirmando, em uma
conversa, o seguinte, ao pedir que o enterrasse: “Igual o que fizemos naquela outra
ideia”. Em seguida, o primo do mandante respondeu: Desta vez, não vai enterrar e
sim tocar fogo. A investigação apurou que, no dia do desparecimento do maçom, este
seguiu atraído por Sílvia até a residência dela, na Vila Sarney, zona rural de São Luís.
Era uma emboscada, pois a vítima foi surpreendida com a presença de Vagner
Martins, que, portando uma arma de fogo, imobilizou o rapaz e o amarrou com as
mãos para trás. De lá, Lourenço foi levado até a área de vegetação da Ribeira, onde
Diego já os aguardava com a cova aberta. Sílvia, inclusive, gravou os últimos
momentos de vida do maçom por meio de um celular.
Vagner, no dia seguinte, ainda foi multado na BR-135 quando saía de São Luís em
direção ao município de Codó, onde permaneceu por vários dias. Diego, por sua vez,
ficou com o celular da vítima, retirando o chip e introduzindo outro registrado em seu
nome.